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Guedes repete Bolsonaro, insulta mulher de Macron e arranca risos

Ministro da Economia afirmou que declarações polêmicas do presidente não são uma estratégia de governo e sim o "jeito espontâneo" do líder do Executivo

Paulo Guedes: ministro falou sobre declarações de Bolsonaro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Paulo Guedes: ministro falou sobre declarações de Bolsonaro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de setembro de 2019 às 19h53.

Última atualização em 5 de setembro de 2019 às 20h32.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou do que chamou de excesso de atenção para as falas e os "modos" do presidente Jair Bolsonaro, enquanto, segundo ele, o País tem tido progressos na área econômica. Ele reconheceu que Bolsonaro chamou a mulher do presidente francês, Emmanuel Macron de feia e concordou com a afirmação. "A mulher é feia mesmo", disse.

A declaração de Guedes arrancou risos da plateia de empresários em um evento em Fortaleza, promovido pelo portal Poder360 e pelo grupo de comunicação Jangadeiro.

Guedes citou uma série de avanços, segundo ele, nas privatizações, na reforma da Previdência e no mercado de gás brasileiro. "Estou vendo progressos, mas a preocupação é com o pai da Bachelet, com a mulher do Macron", disparou o ministro.

Bolsonaro atacou a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet e seu pai, Alberto Bachelet - torturado e morto pela ditadura de Augusto Pinochet -, e exaltou o golpe militar no país vizinho.

Antes, o presidente já havia postado uma mensagem de risadas após um comentário ofensivo sobre a aparência da esposa do presidente da França, a primeira-dama Brigitte Macron, feito por um de seus seguidores.

Em um post em que falava da Amazônia, um dos seguidores da página do presidente postou uma montagem com duas fotos. Na de cima, Brigitte aparece atrás de Macron e, na de baixo, o presidente aparece com a primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, à frente. Ao lado das fotos, há um texto dizendo "Entende agora pq Macron persegue Bolsonaro?" A página do presidente da República respondeu ao seguidor com "não humilha cara. kkkk".

Guedes reconheceu os rompantes do presidente. "Tudo bem, é verdade, o presidente falou mesmo", afirmou, para em seguida concordar. "E a mulher é feia mesmo", disse, arrancando risadas na plateia.

Em seguida, o ministro disse que "não existe mulher feia, existe mulher, observada do ângulo errado". Antes, Guedes ironizou a imprensa dizendo que os "maus modos" do presidente são retratados como "ruídos".

Guedes defendeu o jeito "espontâneo" do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, há políticos com "bons modos" e "péssimos princípios".

O ministro respondia a uma pergunta da plateia. O questionamento era sobre se o jeito de Bolsonaro criava uma espécie de cortina de fumaça para que os demais integrantes do governo trabalhassem. "Se fosse uma técnica, seria genial", disse Guedes, arrancando risos da plateia.

O ministro em seguida explicou que esse era o jeito do presidente. Para Guedes, o fato de ele ter sido sempre assim e ter conquistado quase 60 milhões de votos na última eleição mostra que os brasileiros "demandavam" esse tipo de autenticidade.

Após a repercussão negativa da ofensa de Guedes a Brigitte Macron, o ministro da Economia soltou uma nota à imprensa se desculpando por sua fala.

"O Ministro Paulo Guedes pede desculpas pela brincadeira feita hoje em evento público em Fortaleza (CE), quando mencionou a primeira-dama francesa Brigitte Macron. A intenção do ministro foi ilustrar que questões relevantes e urgentes para o país não têm o espaço que deveriam no debate público. Não houve qualquer intenção de proferir ofensas pessoais", disse o texto da nota.

Reforma administrativa

Guedes disse ainda que o governo vai fazer uma reforma administrativa para rever a estrutura de gastos com pessoal. Ele não deu detalhes da proposta da equipe econômica, mas disse que hoje a progressão nas carreiras acaba "muito rápido".

Na palestra, Guedes criticou os altos salários de servidores e citou o gasto com pessoal como um dos que pressionam as despesas discricionárias, que incluem o custeio da administração e os investimentos. "Você tem alto salários, estabilidade. Você vive em Brasília, é outro planeta. É Versalhes", afirmou Guedes, referindo-se ao palácio símbolo da corte francesa.

Minha Casa Minha Vida

Guedes disse que tem liberado mais de R$ 600 milhões ao mês para o Ministério do Desenvolvimento Regional, e que cabe ao ministro Gustavo Canuto decidir quais gastos vai priorizar.

O setor da construção tem reclamado da falta de recursos para os repasses do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que chegam a mais de 60 dias de atraso. O programa é um dos afetados pelos cortes no Orçamento deste ano.

"Liberamos mais de R$ 600 milhões ao mês para o ministro Canuto. A decisão de alocação é dele", disse Guedes após participar de evento com empresários do Nordeste.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o programa habitacional Minha Casa Minha Vida está na berlinda por conta da falta de recursos no Orçamento de 2020 e já chegou a 2019 com verbas à míngua. Até agosto, R$ 2,7 bilhões foram executados e outros R$ 500 milhões estão garantidos até o fim do ano - um dos quadros de maior aperto no programa desde sua criação, em 2009.

O cumprimento da dotação total de R$ 5,1 bilhões ainda depende de desbloqueios no Orçamento deste ano.

FGTS

O ministro disse também que a nova modalidade de saques do FGTS - o saque-aniversário - vai beneficiar os trabalhadores ao funcionar como uma espécie de 14º salário.

Ele acredita ainda que a política vai estimular os brasileiros a permanecerem no emprego, em vez de tentarem acordos para serem demitidos e, assim, sacarem o Fundo de Garantia.

O ministro reconheceu, porém, que o tamanho dos saques foi calculado de maneira a não prejudicar o setor da construção civil. Os recursos do FGTS são fonte de financiamento para o setor.

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