Greve dos caminhoneiros de 2018 parou o país (Carla Carniel/Reuters)
Carla Aranha
Publicado em 10 de setembro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 10 de setembro de 2021 às 08h33.
Os caminhoneiros continuam firmes no propósito de manter a greve que começou logo após os pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro no feriado de 7 de setembro. Nesta quinta, 9, líderes do movimento foram recebidos por Bolsonaro no Palácio do Planalto, em Brasília. Ao final do encontro, a categoria voltou a afirmar que não pretende suspender a paralisação, que continua nesta sexta, 10.
Deputados da base de apoio do governo, como Carla Zambelli (PSL-SP), Major Vitor Hugo (PSL-GO) e Bibo Nunes (PSL-RS), mantiveram diálogo com as lideranças da greve no saguão do Palácio do Planalto.
“A gente está aqui manifestando, representando um segmento da sociedade brasileira. A gente estabeleceu uma pauta de entrega de um documento ao senador Rodrigo Pacheco e até o momento não tivemos êxito nisso. Permanecemos no aguardo de ser recebido pelo mesmo. Até que isso seja realizado estamos mobilizados em todo o Brasil”, disse Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, ao final do encontro com o presidente Bolsonaro.
Os caminhoneiros pretendem discutir com Pacheco questões relativas ao Supremo Tribunal Federal (STF), como o desarquivamento de pedidos de processos de impeachment contra ministros da Corte. O presidente Jair Bolsonaro entrou em uma queda-de-braço com o STF e, durante os atos do 7 de setembro, fez críticas a magistrados, citando nominalmente Alexandre de Moraes, a quem chamou de “canalha”. O ministro deu ordem de prisão a políticos que apoiam o governo, como Roberto Jefferson, presidente do PTB, e o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), por ameaças ao STF.
Desde terça, dia 7, grupos de caminhoneiros fazem bloqueios em estradas de vários estados, entre eles Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Segundo o Ministério da Infraestrutura, que monitora paralisações nas rodovias, corredores logísticos essenciais foram liberados pela Polícia Rodoviária Federal nesta quinta em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo e Goiás.
Em Brasília, dezenas de caminhoneiros se concentram na Esplanada dos Ministérios, nas imediações do Congresso. Apoiadores do presidente Bolsonaro protocolaram um habeas corpus para que o grupo não seja retirado do local.
Enquanto isso, permanece a preocupação a respeito do risco de interrupções das cadeias de abastecimento. A Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg) informou que transportadoras começam a dar sinais de dificuldades para entregar gás de cozinha em Minas Gerais. Segundo o Ministério da Infraestrutura, no entanto, ainda não foram identificadas ameaças da falta de produtos.