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Governo diz que recusará ajuda de US$ 20 milhões oferecidos pelo G7

Ministro do Meio Ambiente chegou a dizer que ajuda era bem-vinda, enquanto presidente Bolsonaro continuava a fazer críticas a países europeus

Queimadas: de acordo com Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, situação na Amazônia está "controlada" (Bruno Kelly/Reuters)

Queimadas: de acordo com Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, situação na Amazônia está "controlada" (Bruno Kelly/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 06h39.

Última atualização em 27 de agosto de 2019 às 06h44.

São Paulo — O Palácio do Planalto informou na noite desta segunda-feira, 26, que rejeitará ajuda de US$ 20 milhões, equivalente a R$ 83 milhões, prometidos pelo G7, o grupo de países mais ricos do mundo, para auxiliar no combate a incêndios na Amazônia.

O Planalto não informou o motivo para recusar os valores. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ministros têm dito que não há anormalidade nas queimadas e que países europeus tentam fragilizar a soberania do Brasil sobre a floresta.

A informação do Planalto, no entanto, contradiz o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que mais cedo disse que a ajuda do G7 era "bem-vinda".

Bolsonaro voltou a se reunir nesta segunda com ministros para tratar dos incêndios na floresta. Após a conversa com o presidente, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo disse que a situação na Amazônia está controlada e que cerca de 2.700 militares das Forças Armadas estão prontos para atuar na região.

Ainda nesta segunda, o governo teve novo embate com o presidente da França, Emmanuel Macron, que falou sobre conferir status internacional à floresta. "Sobre a Amazônia falam brasileiros e as Forças Armadas", rebateu o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros.

Ao portal G1, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, fez críticas ao presidente francês.

"O Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio em uma igreja que é um patrimônio da humanidade e quer ensinar o quê para nosso país?! Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colônias francesas", disparou Onyx.

"O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron, que coincidentemente está com altas taxas internas de rejeição", declarou o ministro-chefe da Casa Civil.

Onyx Lorenzoni destacou ainda que o Brasil pode ensinar "a qualquer nação" como proteger matas nativas. "Aliás, não existe nenhum país que tenha uma cobertura nativa maior que o nosso".

Ao menos mil novos focos de incêndio foram declarados nas últimas horas na Amazônia, enquanto os aviões do Exército Brasileiro atravessaram nesta segunda-feira as grandes áreas afetadas para tentar conter as chamas que mobilizaram a atenção dos líderes do G7.

Porto Velho, capital do estado de Rondônia (norte), acordou com uma leve neblina de fumaça e cheiro de queimado trazido pelos ventos dos incêndios florestais na região, relataram jornalistas da AFP presentes no local.

Até domingo, 80.626 focos de incêndios foram registrados em todo o Brasil, 1.113 novos focos em relação ao relatório de sábado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O saldo marca um aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado.

No total, 52,6% dos focos estão localizados na região amazônica.

Mas o ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, garantiu que os incêndios na Amazônia estão sob controle após o envio de mais 2.500 militares e as chuvas que caíram em algumas regiões.

"Tem se alardeado um pouco que a situação está fora de controle, mas não está mesmo. Nós tivemos picos de queimadas em outros anos muito maiores do que neste ano aqui e pela primeira vez foi empregada uma rapidez muito boa".

"É lógico a situação não é simples, mas ela está sob controle e já arrefecendo bem. Aí, em princípio, até a meteorologia ajudou porque numa parte da Amazônia oeste hoje teve uma situação de chuvas e isso ajuda bastante".

Dois aviões-cisterna Hércules C-130 baseados em Porto Velho iniciaram suas atividades, lançando dezenas de milhares de litros de água nos pontos de incêndio.

Os dispositivos fazem parte da operação militar ordenada na sexta-feira por Bolsonaro, sob pressão interna e internacional.

Cerca de 43 mil soldados de regimentos da Amazônia estão prontos para entrar em atividade, informou Fernando Azevedo e Silva.

No Brasil, o crescente desmatamento causado a abrir espaço para as plantações ou pastagens agravou a temporada de queimadas habitual, dizem os especialistas.

O incêndio desencadeou um debate de alta tensão entre Bolsonaro e Macron, que levantou a questão da Amazônia na cúpula das maiores potências econômicas ocidentais, o G7, em Biarritz (sul da França).

A cúpula também acertou apoiar um plano de reflorestamento de médio prazo, que será anunciado na ONU em setembro.

O Brasil aceitou até o momento a ajuda de Israel, que ofereceu enviar um avião.

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