Funcionários do BNDES fazem novo protesto contra operação da PF
Os mandados de condução e de buscas em residências de funcionários integraram a Operação Bullish, que investiga operações do banco com o Grupo JBS
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de maio de 2017 às 17h02.
Última atualização em 15 de maio de 2017 às 17h27.
Rio - A Associação de Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (AFBNDES) divulgou carta aberta em repúdio aos mandados de condução coercitiva sofridos por funcionários do banco de fomento na sexta-feira 12, entre eles uma funcionária grávida na 39ª semana de gestação.
Os mandados de condução e de buscas em residências de funcionários integraram a Operação Bullish, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga operações do BNDES com o Grupo JBS.
Houve protesto no dia da operação, mas os funcionários do banco fazem nova manifestação nesta segunda-feira, a partir das 15h, na sede do BNDES, no centro do Rio.
O ato, em defesa do banco e em solidariedade aos colegas atingidos pela operação, previa uma vigília simbólica de uma hora de duração.
A presidente do BNDES, Maria Silvia, declarou em entrevista publicada hoje no jornal O Estado de S.Paulo não ter compreendido a necessidade de conduções coercitivas de funcionários, uma vez que "é do interesse do seu corpo funcional e da atual diretoria cooperar ostensivamente para saber se o banco foi usado por terceiros, pois seus empregados cumpriram seu papel de forma proba".
Segundo a AFBNDES, os colegas que foram alvos da operação sofreram arbitrariedades e foram expostos em rede nacional, com danos às suas imagens e reputações.
"Testemunhamos serem profissionais honestos e competentes que sempre cumpriram rigorosamente suas obrigações pensando no interesse público e no desenvolvimento econômico e social do País", defendeu a associação, em nota.
Os representantes dos funcionários lembram que não houve prévia intimação aos trabalhadores do BNDES, embora estivessem dispostos a prestar todos os esclarecimentos perante as autoridades.
"Consideramos absurdas as tentativas de criminalização das atividades do BNDES, como Banco de Desenvolvimento, e a responsabilização pessoal dos funcionários, que realizaram e realizam suas funções dentro da legalidade, de acordo com suas atribuições, respeitando normas, ritos, processos de análise sempre validados por instâncias colegiadas e orientados pelos valores do BNDES: ética, espírito público, compromisso com o desenvolvimento e excelência", manifestou a AFBNDES.
Na carta, a associação sugere que a Diretoria do BNDES solicite ao grupo JBS a abertura de sigilo das operações com o banco e realize seminários técnicos abertos à mídia e à população para esclarecer informações incorretas, resultado de considerações imprecisas feitas pelo Tribunal de Contas da União sobre a operação da BNDESPar com o Grupo JBS.
"Há três anos o BNDES é alvo de diversas investigações, em que se propagam acusações pouco especificadas e inconsistentes. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi conduzida sem que nada de irregular fosse encontrado na atuação do BNDES. A cada dia que passa fica mais patente que os órgãos de controle desconhecem completamente os mecanismos de funcionamento do BNDES e do mercado de capitais", argumentou a associação.