Brasil

Flávio e Eduardo Bolsonaro podem nomear até 113 assessores

Jornal mapeou cargos e salários nos gabinetes dos dois filhos de Bolsonaro e, também, em postos-chave que cada um ocupa

Flávio (centro) e Eduardo (direita): ambos ocupam cargos na estrutura do parlamento e possuem a prerrogativa de preencher vagas além das disponíveis nos seus gabinetes pessoais (Facebook/Divulgação)

Flávio (centro) e Eduardo (direita): ambos ocupam cargos na estrutura do parlamento e possuem a prerrogativa de preencher vagas além das disponíveis nos seus gabinetes pessoais (Facebook/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 12h14.

Ao todo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ambos filhos do presidente Jair Bolsonaro, têm direito de nomear 113 pessoas no Congresso, o que gera uma folha de pagamento de quase R$ 1 milhão por mês.

Como ambos ocupam cargos na estrutura do parlamento - Flávio é terceiro secretário do Senado e Eduardo é líder do PSL e presidente da Comissão de Relações Exteriores - eles possuem a prerrogativa de preencher vagas além das disponíveis nos seus gabinetes pessoais. Do total, 24 desses cargos têm salários acima de R$ 20 mil.

Em áudios divulgados pelo jornal O Globo, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), cita os cargos à disposição dos dois filhos do presidente e indica ao seu interlocutor o caminho para preenchê-los.

"Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles em nada. '20 continho' aí para gente caía bem pra c*."

Em outro trecho divulgado pelo jornal, Queiroz menciona especificamente seu ex-chefe. "O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá para conversar com ele. Faz fila. É só chegar: 'Meu irmão, nomeia fulano para trabalhar contigo aí'. Salariozinho bom, para a gente que é pai de família, p* que pariu, cai igual uma uva (sic)."

De acordo com O Globo, a mensagem de áudio foi enviada em junho - seis meses após o jornal O Estado de S. Paulo revelar documentos do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, agora Unidade de Inteligência Financeira) indicando "movimentações atípicas" de R$ 1,2 milhão em um ano nas contas de Queiroz. Flávio foi deputado estadual de 2003 a 2018.

O jornal mapeou os cargos e os salários nos gabinetes dos dois filhos de Bolsonaro e, também, em postos-chave que cada um ocupa como, no caso de Eduardo, a liderança do PSL e a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Já Flávio tem aliados nomeados na Terceira Secretaria do Senado, que comanda, além dos gabinetes de Brasília e do Rio de Janeiro. O levantamento contabilizou os cargos que dependem exclusivamente da vontade dos dois parlamentares.

Apesar de poder gastar até R$ 500 mil por mês em verba para contratar funcionários, Flávio não utiliza todo o montante, segundo sua assessoria.

Por mês, ele gasta R$ 366 mil da verba do Senado com os salários de 18 funcionários em seu gabinete na Casa, sete no escritório que mantém no Rio e quatro na Terceira Secretaria da Casa. Os valores variam entre R$ 27 mil (já com os descontos) a R$ 2 mil.

'20 continho'

Com Flávio, 9 das 29 pessoas nomeadas por ele ganham igual ou mais do que os '20 continho' mencionado por Queiroz no áudio, em referência ao salário de R$ 20 mil. Entre os contratados na estrutura comandada por Eduardo, 15 de 84 servidores recebem mais de R$ 20 mil.

O número de cargos que o deputado Eduardo Bolsonaro pode preencher aumentou significativamente nesta semana após ele vencer uma queda de braço no seu partido e ser confirmado líder do PSL.

Com essa nova função, o filho "03" de Bolsonaro ganhou 71 cargos a mais para preencher. Segundo a assessoria do deputado, porém, ele manteve os nomes indicados pelo antigo líder, Delegado Waldir (PSL-GO).

De Pequim, onde cumpre agenda oficial, Jair Bolsonaro disse que o filho herdou cargos preenchidos pelo seu antecessor na liderança. O número de vagas depende da quantidade de deputados que cada partido elegeu. O PSL é o segundo maior da Casa.

Defesa

Questionados, via assessoria, se há indicações políticas em seus gabinetes, Flávio e Eduardo não responderam até a conclusão desta edição. Em vídeo divulgado pelas redes sociais nesta quinta-feira, 24, à tarde, Flávio Bolsonaro negou que Queiroz influencie nas contratações do seu gabinete.

Já a defesa de Fabrício Queiroz disse que o áudio mostra o capital político do ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, e afirma que não há indício de cometimento de crime. "Portanto, a indicação de eventuais assessores não constitui qualquer ilícito ou algo imoral, já que, repita-se, Fabrício Queiroz jamais cometeu qualquer ato criminoso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CongressoEduardo BolsonaroFabrício QueirozFlávio BolsonaroPSL – Partido Social Liberal

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso