Fifa viveu um inferno no Brasil, diz Valcke
O francês insistiu no fato de que "não foi a Fifa que organizou o Mundial no Brasil, foi o Brasil que decidiu organizar o Mundial em 12 cidades"
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 20h30.
A Fifa "viveu um inferno" para organizar a Copa do Mundo do Brasil por causa dos inúmeros interlocutores com os quais precisou negociar, declarou o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, nesta terça-feira em Lausana, na Suíça.
"No Brasil, há alguns políticos que se opõem à Copa do Mundo, e nós vivemos um inferno, principalmente porque no país existem três níveis políticos que passaram por mudanças por causa de eleições, fazendo que não conversássemos necessariamente com as mesmas pessoas. Era complicado ter de repetir toda vez a mesma coisa", afirmou o secretário-geral da Fifa.
O francês, que voltará ao Brasil no dia 18 de maio, insistiu no fato de que "não foi a Fifa que organizou o Mundial no Brasil, foi o Brasil que decidiu organizar o Mundial em 12 cidades".
"Nós apoiamos o Brasil para garantir que o evento será um sucesso, porque a Fifa se baseia no sucesso da Copa do Mundo. Se o Mundial for um fracasso, se houver um problema, nós, a Fifa, ficamos mal", explicou.
A Fifa vai receber os estádios em 21 de maio para um período de uso exclusivo que permitirá a instalação, entre outras coisas, do sistema necessário para garantir a transmissão dos jogos para o mundo todo.
"Tínhamos de ter recebido os estádios em dezembro, e estamos recebendo no dia 15 de maio. É um pouco mais tarde do que o previsto inicialmente, mas sabemos nos adaptar", criticou Valcke, que espera que isso não se repita na Copa do Mundo-2018, na Rússia.
"Se eu puder passar apenas uma mensagem oficial, é que a Rússia não acredite que a entrega dos estádios no dia 15 de maio seja uma referência. Espero que os prazos sejam respeitados", declarou.
Apesar dos atrasos, o secretário-geral se mostrou otimista.
"Não digo que tudo estará pronto, mas depois de muitas conversas, no que diz respeito aos estádios, ao que precisamos e pelo fato de termos diminuído nossas expectativas, nossas necessidades, temos o necessário para garantir aos jornalistas, às equipes, aos torcedores e aos árbitros uma Copa do Mundo que será, principalmente se o drama de 1950 for apagado para o Brasil, uma lembrança excepcional", concluiu.
Doze estádios no Catar
Valcke também falou sobre o Mundial-2022, que será organizado no Catar, e classificou como algo sem sentido construir doze estádios no pequeno emirado.
"Eu fui o primeiro a conversar com o Catar para dizer que doze estádios não fazem sentido, que dez já era sem sentido e que oito é o número adequado em relação ao tamanho do país", declarou Valcke.
A Fifa impõe um mínimo de oito estádios para um país-sede de Copa do Mundo.
A data do torneio também vem gerando polêmica. Previsto para o verão no hemisfério norte, quando as temperaturas no Catar podem ultrapassar os 40ºC, Valcke insistiu que o evento seja realizado no inverno.
"Acho que todo mundo já falou sobre isso exaustivamente. Agora, resta saber quando, no inverno, vai ser disputado", uma decisão que o Comitê executivo da Fifa tomará em março de 2015.
Em relação às condições de trabalho precárias dos operários que constroem os estádio mundialistas no Catar, a maioria composta por imigrantes asiáticos, Valcke garantiu que "a Fifa nunca dará aval à morte de alguém", mas lembrou que sem a Copa, ninguém se interessaria por estes trabalhadores.
Algumas ONGs classificam as condições de trabalho deste imigrantes no Catar como escravidão.
Atualizado às 20h30.