Famílias do prédio da Oi querem falar com Prefeitura do Rio
Cerca de 150 pessoas estão acampadas em frente ao prédio da prefeitura para negociar uma solução de acesso à moradia
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2014 às 17h03.
Rio de Janeiro - Cerca de 150 pessoas estão acampadas em frente ao prédio da prefeitura do Rio , na Cidade Nova, desde a tarde de ontem (11). O grupo fazia parte da ocupação do prédio da Oi , no Engenho Novo, que chegou a reunir 5 mil pessoas em 11 dias, e foi retirado na manhã de ontem em uma ação policial.
O fotógrafo e cinegrafista Rodrigo Moreira, que participou da ocupação desde o começo, diz que o grupo quer ser recebido pelo Poder Público para negociar uma solução de acesso à moradia.
“A gente quer um direito que a Constituição nos dá, que é o direito à moradia, dentro das nossas condições. A gente não quer nada de graça, não quer dinheiro, queremos sentar com eles [o Poder Público] para ver uma proposta e a gente dar dignidade à família, com uma moradia”.
Ele diz que morava de favor em um quarto com a esposa e dois filhos, de 6 e 3 anos, depois que perdeu o emprego e não pôde mais pagar o aluguel de R$ 350. Apesar de ter cadastro no Minha Casa, Minha Vida há cinco anos, nunca teve acesso ao programa habitacional, então viu na ocupação uma oportunidade de iniciar um diálogo com o Poder Público.
“Aquele lugar não era nosso, ninguém é maluco para não saber disso. Mas a gente esperava que o governo do estado, assim como mandou tropa de choque, mandasse algum defensor público, assistente social, só veio policial civil à paisana, P2, PM, choque, veio tudo, menos o representante do governo em que nós votamos. Eles [os governantes] se acuaram, botaram as pessoas para nos agredir, estamos com vários hematomas, a gente esperava uma conversa dentro de uma paz, não estamos aqui para tomar a vez de ninguém no Minha Casa, Minha Vida”.
A babá Caroline de Souza, 20 anos, dormiu com o filho de 4 anos em frente à prefeitura. Ela relata que morava com a mãe, mas como não estava bem com ela, teve que sair de casa. Caroline tem outro filho, de 2 anos, que deixou com uma tia.
“Eu não tenho para onde ir, o dinheiro que tinha para pagar o aluguel onde morava tive que comprar as tábuas para montar meu barraco e agora fiquei na rua. Tinha fogão, botijão, agora sumiu tudo, não consegui pegar nada. Cama, colchão, até a roupa das crianças estava lá [no prédio da Oi]”
No local da ocupação, o policiamento está reforçado e o prédio está sendo cercado com tapumes de madeira. O portão de entrada principal foi fechado um com um muro de concreto e seguranças particulares não deixam ninguém entrar.
Vários caminhões da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) são vistos saindo pelo estacionamento e ainda há muita madeira dentro, além de objetos como bicicletas, cadeiras e colchões.
O aposentado Francisco Alberto das Chagas, de 61 anos, voltou hoje de manhã à ocupação para tentar reaver os documentos que ficaram dentro do prédio, mas não conseguiu entrar.
“Ficou lá dentro um saco com documentos e outros utensílios, colchão, outras coisas que não deu tempo de apanhar. Ontem, na hora da desocupação me avisaram que eu podia ir embora e voltar depois para pegar, mas quando voltei estava tumultuado e não me deixaram mais entrar. Retornei hoje e me falaram que era ordem de não deixar ninguém entrar para pegar nada”.
Ele diz que foi para o prédio da Oi para sair do aluguel de R$ 350 no Jacarezinho, e estava lá com a esposa, filhos e netos. “Falaram que iam cadastrar todo mundo, mas na hora do tumulto não veio assistência social, só o choque, jogaram bomba de gás, bala de borracha”.
A prefeitura informou que a operação no local está a cargo da Polícia Militar (PM) e que a Comlurb está apenas dando apoio, não tendo responsabilidade sobre os objetos retirados do prédio. A assessoria da PM disse também que está apenas dando apoio à operação e que não tem informação sobre o local para onde os objetos serão levados.
Em nota, a prefeitura informou que equipes de assistentes sociais estiveram no local ontem, “mas apenas 177 ocupantes do terreno aceitaram o apoio”. De acordo com a nota, será feito um levantamento para que eles sejam encaminhados a programas sociais.
No confronto de ontem, um rapaz foi gravemente ferido e está em observação no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro. A Secretaria Municipal de Saúde confirma que Maicom Gonçalves tem um ferimento grave no olho, mas está estável. Ele é avaliado e deve passar por uma cirurgia, ainda sem previsão de data. A secretaria não confirma se o ferimento foi causado por um tiro de bala de borracha.
Rio de Janeiro - Cerca de 150 pessoas estão acampadas em frente ao prédio da prefeitura do Rio , na Cidade Nova, desde a tarde de ontem (11). O grupo fazia parte da ocupação do prédio da Oi , no Engenho Novo, que chegou a reunir 5 mil pessoas em 11 dias, e foi retirado na manhã de ontem em uma ação policial.
O fotógrafo e cinegrafista Rodrigo Moreira, que participou da ocupação desde o começo, diz que o grupo quer ser recebido pelo Poder Público para negociar uma solução de acesso à moradia.
“A gente quer um direito que a Constituição nos dá, que é o direito à moradia, dentro das nossas condições. A gente não quer nada de graça, não quer dinheiro, queremos sentar com eles [o Poder Público] para ver uma proposta e a gente dar dignidade à família, com uma moradia”.
Ele diz que morava de favor em um quarto com a esposa e dois filhos, de 6 e 3 anos, depois que perdeu o emprego e não pôde mais pagar o aluguel de R$ 350. Apesar de ter cadastro no Minha Casa, Minha Vida há cinco anos, nunca teve acesso ao programa habitacional, então viu na ocupação uma oportunidade de iniciar um diálogo com o Poder Público.
“Aquele lugar não era nosso, ninguém é maluco para não saber disso. Mas a gente esperava que o governo do estado, assim como mandou tropa de choque, mandasse algum defensor público, assistente social, só veio policial civil à paisana, P2, PM, choque, veio tudo, menos o representante do governo em que nós votamos. Eles [os governantes] se acuaram, botaram as pessoas para nos agredir, estamos com vários hematomas, a gente esperava uma conversa dentro de uma paz, não estamos aqui para tomar a vez de ninguém no Minha Casa, Minha Vida”.
A babá Caroline de Souza, 20 anos, dormiu com o filho de 4 anos em frente à prefeitura. Ela relata que morava com a mãe, mas como não estava bem com ela, teve que sair de casa. Caroline tem outro filho, de 2 anos, que deixou com uma tia.
“Eu não tenho para onde ir, o dinheiro que tinha para pagar o aluguel onde morava tive que comprar as tábuas para montar meu barraco e agora fiquei na rua. Tinha fogão, botijão, agora sumiu tudo, não consegui pegar nada. Cama, colchão, até a roupa das crianças estava lá [no prédio da Oi]”
No local da ocupação, o policiamento está reforçado e o prédio está sendo cercado com tapumes de madeira. O portão de entrada principal foi fechado um com um muro de concreto e seguranças particulares não deixam ninguém entrar.
Vários caminhões da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) são vistos saindo pelo estacionamento e ainda há muita madeira dentro, além de objetos como bicicletas, cadeiras e colchões.
O aposentado Francisco Alberto das Chagas, de 61 anos, voltou hoje de manhã à ocupação para tentar reaver os documentos que ficaram dentro do prédio, mas não conseguiu entrar.
“Ficou lá dentro um saco com documentos e outros utensílios, colchão, outras coisas que não deu tempo de apanhar. Ontem, na hora da desocupação me avisaram que eu podia ir embora e voltar depois para pegar, mas quando voltei estava tumultuado e não me deixaram mais entrar. Retornei hoje e me falaram que era ordem de não deixar ninguém entrar para pegar nada”.
Ele diz que foi para o prédio da Oi para sair do aluguel de R$ 350 no Jacarezinho, e estava lá com a esposa, filhos e netos. “Falaram que iam cadastrar todo mundo, mas na hora do tumulto não veio assistência social, só o choque, jogaram bomba de gás, bala de borracha”.
A prefeitura informou que a operação no local está a cargo da Polícia Militar (PM) e que a Comlurb está apenas dando apoio, não tendo responsabilidade sobre os objetos retirados do prédio. A assessoria da PM disse também que está apenas dando apoio à operação e que não tem informação sobre o local para onde os objetos serão levados.
Em nota, a prefeitura informou que equipes de assistentes sociais estiveram no local ontem, “mas apenas 177 ocupantes do terreno aceitaram o apoio”. De acordo com a nota, será feito um levantamento para que eles sejam encaminhados a programas sociais.
No confronto de ontem, um rapaz foi gravemente ferido e está em observação no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro. A Secretaria Municipal de Saúde confirma que Maicom Gonçalves tem um ferimento grave no olho, mas está estável. Ele é avaliado e deve passar por uma cirurgia, ainda sem previsão de data. A secretaria não confirma se o ferimento foi causado por um tiro de bala de borracha.