Policiais da UPP patrulham uma via da favela Pavão-Pavãozinho, no Rio de Janeiro: em segundo lugar no ranking de reclamações, aparece a má qualidade no atendimento (16,65%) (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2014 às 18h47.
São Paulo - A falta de atendimento aos chamados da população foi a principal reclamação contra as polícias Civil e Militar, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira, 25, pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo. De acordo com o relatório, das 11.080 queixas feitas em 2013, 22,9% são por problemas ligados aos pedidos de policiamento, tanto pelo 190 quanto nas delegacias e batalhões da PM. "De alguma forma a polícia sabia que deveria estar no local e não foi", afirmou o ouvidor Julio Cesar Fernandes Neves.
Em segundo lugar no ranking de reclamações, aparece a má qualidade no atendimento (16,65%), seguida por reclamações de falta de policiamento em locais de tráfico de drogas (12,73%). A Polícia Civil, que tem o papel de investigar o tráfico, foi a que mais recebeu reclamações por não ir aos pontos onde há venda de entorpecentes. Ao todo, foram 1.267 reclamações contra 129 queixas referentes ao policiamento ostensivo do PM no combate aos traficantes. "É uma responsabilidade das duas polícias. Isso também mostra que a população solicitou o trabalho das duas forças e elas não foram", disse Neves.
O relatório é encaminhado para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e para a Polícia Militar. "Esperamos que eles prestem atenção nos resultados para que seja feita uma correção. Separamos isso por regionais no Estado justamente para conseguir localizar onde está o problema", disse neves.
Outro lado
Durante coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, 25, Fernando Grella Vieira, secretário estadual da Segurança Pública, lamentou que o relatório tenha sido divulgado sem que a Ouvidoria o tenha "remetido" a pasta. Mesmo assim, para Grella, o papel do órgão "é fundamental" para "catalisar" as reclamações. "Nós não temos compromissos com erros. Todas as denúncias de irregularidades e omissões são apuradas", afirmou Grella.
Por meio de nota, a PM afirmou que "não comenta dados da Ouvidoria por desconhecer a metodologia empregada na coleta". No entanto, segundo a Polícia Militar, o aumento de reclamações envolvendo policiais pode ter "vários significados, incluindo a melhoria na capacidade de processamento da própria Ouvidoria, ou mesmo a redução da subnotificação". A PM afirmou, esse processo de "depuração interna é reconhecido como sendo altamente eficiente, uma vez que a instituição é implacável contra desvios de conduta". Segundo a PM, a taxa de policiais envolvidos em irregularidades é de 0,3%.