Rua 25 de março. (Eduardo Frazão/Exame)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 3 de março de 2021 às 12h55.
Última atualização em 3 de março de 2021 às 14h57.
Para evitar o colapso generalizado no sistema de saúde, o governo de São Paulo vai colocar todo o estado na fase 1 vermelha da quarentena, a mais restrita em que somente serviços essenciais podem funcionar (veja abaixo). A nova regra começa a partir da meia-noite de sábado, 6, e tem validade por duas semanas, até o dia 19 de março, mas pode ser revista pelo comitê de saúde estadual. As escolas seguem abertas.
Como adiantado por EXAME, na terça-feira, 2, o governador João Doria (PSDB) se reuniu virtualmente com prefeitos para apresentar o plano de contenção da covid-19, incluindo um possível lockdown. Todos concordaram que a medida deveria ser uniforme, integrada e mais dura do que estava em vigor. Tecnicamente, o que é implementado em São Paulo não é um lockdown porque não há proibição ou multa para quem estiver circulando nas ruas, e também escolas podem funcionar.
"Há 41 dias o Brasil tem mais de mil mortes por dia. É como se cinco aviões caíssem todos os dias e matassem seus ocupantes. Isso não é normal, não é banal, não é gripezinha. É uma tragédia que pode ser maior se não tomarmos medidas. Não podemos banalizar a morte. Nós nascemos para viver e celebrar a existência, com a obrigação de defender a vida. São Paulo vai combater a indiferença", disse Doria em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 3.
O número de pessoas internadas em UTI em todo o estado chegou, nesta semana, ao mais alto patamar desde o início da pandemia, com 7.415. O valor é 18,6% maior que o pico, registrado em junho do ano passado. Grande parte dessas internações é de jovens, com quadros mais complicados e que ficam internados por mais tempo. A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 75% em todo o estado.
Na terça-feira, 2, o estado bateu recorde e registrou o mais alto número de mortes no período de 24 horas: 468. Com isso, São Paulo superou a marca de 60 mil vítimas da doença
A fala de todos os membros do governo de São Paulo em coletiva de imprensa nesta quarta-feira é de que estamos no pior momento da pandemia e que a velocidade de contaminação é muito alta.
Diferentemente do primeiro pico, há quase um ano, a situação é mais grave no interior paulista. Araraquara está em lockdown desde a semana passada, com a ocupação de leitos de UTI na região de mais de 92%. Na região de Bauru, a taxa está em 95%, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. Mesmo na Grande São Paulo, o panorama não é diferente, com 76% de ocupação. A rede privada está 90% ocupada, e em alguns hospitais há lista de espera de pacientes.
Para aumentar a capacidade, o governo vai abrir 500 novos leitos, sendo 339 de UTI e outros 161 de enfermaria, em todo o estado. Os leitos serão ativados gradualmente, a partir do dia 8 de março.
Os redes de ensino público e privada podem funcionar nesta fase vermelha da quarentena. De acordo com o secretário da Educação do estado, Rossieli Soares, pais e escolas têm autonomia para decidir se os alunos precisam de algum atendimento presencial. A orientação é para que sejam priorizados os mais vulneráveis.
Para as unidades que estiverem abertas, é necessário seguir protocolos de segurança, como distanciamento de 1,5 metro entre os alunos, presença máxima de 35%, e uso obrigatório de máscara durante todo o período em que estiver na escola.
Desde a semana passada, o secretário da Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, vem falando que a pressão sobre o sistema de atendimento é maior nas UTIs e, por isso, a reativação de hospitais de campanha, de primeiro atendimento e triagem, não seria a melhor estratégia. A solução mais eficaz seria diminuir a circulação e aglomeração de pessoas.
Uma tentativa foi aumentar a fiscalização de deslocamentos considerados desnecessários no período da noite. Desde a sexta-feira, 26, das 23h às 5h, a Polícia Militar faz blitze focadas em verificar principalmente possíveis aglomerações de festas clandestinas. No começo desta, o governo paulista diminuiu o tempo de abertura do comércio em boa parte do estado, incluindo a capital, de até 22h para até 20h.
Restrições da fase vermelha