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Engenheiros que prestaram serviço à Vale são presos após tragédia em MG

Investigadores apuram se documentos que permitiram as operações na barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foram, de alguma maneira, fraudados

Brumadinho: dois alvos são de São Paulo e outros três de Belo Horizonte (Adriano Machado/Reuters)

Brumadinho: dois alvos são de São Paulo e outros três de Belo Horizonte (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 06h58.

Última atualização em 29 de janeiro de 2019 às 12h51.

São Paulo — Três funcionários da Vale diretamente envolvidos e responsáveis pelo licenciamento da barragem que se rompeu em Brumadinho e dois engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade do empreendimento foram presos nesta terça-feira (29).

Após o rompimento da barragem, na sexta-feira (25), a PF levantou hipóteses sobre a validade dos laudos que atestaram a sua segurança.

Desde 2015, a barragem da Mina Córrego do Feijão não recebia novos rejeitos de minério e estava em processo de ser desativada. Em dezembro do ano passado, a Vale obteve licença para o reaproveitar os rejeitos e encerrar as atividades.​

Na operação, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) cumprem sete mandados de busca e apreensão e cinco de prisão temporária.

O objetivo da investigação é apurar se houve fraude ou irresponsabilidade criminal pelo rompimento da barragem da mineradora no município mineiro.

Dos cinco alvos da operação, dois tinham domicílio em São Paulo e os demais residem na região metropolitana de Belo Horizonte.

Os engenheiros civis Makoto Namba e André Jum Yassuda, ambos da empresa alemã TÜV SUD, foram presos nos bairros de Moema e Vila Mariana, na zona sul da capital.

Em Belo Horizonte, foram detidos três funcionários da Vale que estariam envolvidos diretamente no licenciamento da barragem.

As detenções foram decretadas pelo prazo de 30 dias e todos serão ouvidos pelo MPMG. Os documentos e provas apreendidas também serão encaminhados ao Ministério Público para análise.

O MPF, por meio da Procuradoria da República em Minas Gerais, e a PF, por meio da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, cumpriram simultaneamente os cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal em Belo Horizonte.

As ordens foram cumpridas na sede da Vale, em Nova Lima (MG), e na empresa alemã TÜV SUD, que prestou serviços de projetos e consultoria na área das barragens.

Nas diligências, houve a participação de procuradores da República lotados em Minas Gerais e São Paulo, de policiais federais e de peritos das áreas de informática, mineração e geologia.

"Os órgãos de investigação têm trabalhado de forma concatenada para apuração dos graves crimes relacionados com o rompimento da barragem, sendo que as investigações se encontram em andamento", informou o MPMG.

Na decisão, a juíza Perla Saliba Brito disse que documentados apresentados pelo Ministério Público apontam que os dois engenheiros e um funcionário da Vale assinaram recentes declarações de estabilidade das barragens.

Segundo a juíza, os envolvidos informaram que as estruturas se adequavam às normas de segurança, "o que a tragédia demonstrou não corresponder o teor desses documentos com a verdade, não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade".

"Aliás, convém salientar que especialistas afirmam que há sensores capazes de captar com antecedência, sinais do rompimento, através da umidade do solo, medindo de diferentes profundidades o conteúdo volumétrico de água no terreno e permitindo aos técnicos avaliar a pressão extra provocada pelo peso líquido, o que nos faz concluir que havia meios de se evitar a tragédia", afirmou Perla.

As buscas por vítimas e sobreviventes do acidente chegaram ao seu quinto dia nesta terça. O número de mortos, segundo último relatório da Defesa Civil de Minas Gerais, divulgado ontem, subiu para 65.

288 pessoas continuam desaparecidas.

Vale

A companhia enviou na manhã desta terça-feira nota à imprensa dizendo que está contribuindo com as investigações, sem citar nominalmente a operação policial que ocorre em São Paulo atendendo a pedido da Justiça de Minas Gerais.

“Referente aos mandados cumpridos nesta manhã, a Vale informa que está colaborando plenamente com as autoridades. A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”, diz, em nota a companhia.

(Com Estadão Conteúdo, Reuters e Agência Brasil)

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