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Em SP, RJ e PE, a tensão política dá as caras no carnaval

De boneco gigante do presidente a cancelamento de blocos, a festa deve ter temperatura elevada com o primeiro ano de gestão de novos governos estaduais

Bloco de Rua em São Paulo: Bloco Soviético desistiu de desfilar este ano na cidade (Reprodução/Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2019 às 06h35.

Última atualização em 1 de março de 2019 às 07h05.

Carnaval sempre foi um palco para manifestações políticas, e de polêmicas envolvendo política. Mas a festa que começa oficialmente neste fim de semana tende a ter a temperatura um pouco mais elevada com o primeiro ano de gestão de novos governos em Brasília e nos estados.

Em São Paulo, o Bloco Soviético, que desfilava desde 2013 na região central da cidade, desistiu de sair este ano por medo de violência. O combate ao “comunismo”, como se sabe, é uma das bandeiras da direita mais radical que ajudou a eleger Jair Bolsonaro. Neste contexto de alta tensão, os organizadores do bloco afirmaram que desfilar seria uma “irresponsabilidade”.

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Em Olinda, o desfile de um boneco gigante do presidente virou motivo de intensa discussão. Temendo confusão, os organizadores da Embaixada dos Bonecos, responsável por figuras de personagens famosos da vida nacional, cogitou não levar o Bolsonaro gigante à rua. Mas ele vai, junto com a primeira dama, Michele, no desfile marcado para a segunda de carnaval.

No Rio, a polêmica está tanto no sambódromo quanto nos blocos, e envolve mais a política regional. Alguns dos blocos mais tradicionais da cidade, como Carmelitas, Céu na Terra e Orquestra Voadora, não conseguiram autorização da Polícia Militar para desfilar este ano. De ontem pra hoje boa parte das pendências foi resolvida. O Carmelitas, por exemplo, sai hoje às 14h, em Santa Teresa.

Os blocos afirmam que são alvo de uma lista de exigências inexequível feita a poucos dias do carnaval. Nas últimas semanas também gerou polêmica um carro alegórico da escola de samba Acadêmicos do Sossego, que tem enredo sobre intolerância religiosa e produziu um boneco parecido com o prefeito, Marcelo Crivella, com chifres de diabo. O carro ficará de fora do carnaval, e o diretor responsável por ele foi demitido.

Também no Rio o carnaval é palco para mais um capítulo de uma polêmica crescente no ambiente político brasileiro: o que alguns críticos chama de “hiperativismo” de promotores e procuradores. O Ministério Público do Rio pediu, ontem, a interdição da Marquês de Sapucaí, onde desfilam as escolas de samba da cidade, alegando que não há garantias de segurança.

A passarela não tem certificado de aprovação dos Bombeiros, o que de fato é uma temeridade numa cidade que acabou de ver uma tragédia como a do centro de treinamento do Flamengo. A Justiça determinou uma inspeção às pressas no sambódromo.

O carnaval, como nunca, trará o Brasil, com suas contradições, carências e intolerâncias, para as ruas.

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