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Em meio à tensão entre Venezuela e Guiana, Exército envia 20 tanques para Roraima; saiba quais são

Os blindados vão sair de unidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, onde ficam armazenados; tempo de transporte é deve ser de pelo menos um mês

O Exército brasileiro também aumentou para 130 o efetivo para o patrulhamento na fronteira com a Venezuela (Exército Brasileiro/Reprodução)

O Exército brasileiro também aumentou para 130 o efetivo para o patrulhamento na fronteira com a Venezuela (Exército Brasileiro/Reprodução)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 09h13.

O Exército brasileiro enviou 20 blindados a Pacaraima, em Roraima, em meio à tensão na fronteira por conta da disputa entre a Venezuela e Guiana pela região de Essequibo. A expectativa é que a situação não se agrave, mas a instituição se prepara para reforçar a presença no local. O deslocamento das unidades já estava programado para dar apoio em operações contra o garimpo.

Os blindados são do modelo Guaicuru, e vão sair de unidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, onde ficam armazenados, segundo o Estadão. O tempo de transporte é deve ser de pelo menos um mês.

As viaturas blindadas multitarefa – leve sobre rodas (VBMT-LSR) 4X4 LMV-BR, da IDV, foram incorporadas há pouco tempo ao Exército, e receberam o nome de “Guaicuru” em homenagem a uma tribo indígena guerreira, que habitava os sertões do Centro-Oeste brasileiro e que era famosa por utilizar cavalos para caçar e atacar seus inimigos.

O Exército brasileiro também aumentou para 130 o efetivo para o patrulhamento na fronteira com a Venezuela. O Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, em Roraima, que normalmente opera com 70 homens, ganhou o reforço de mais 60 militares.

Além disso, em boletim no final de novembro, o Exército também ativou 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado (18° R C Mec) com sede em Boa Vista, Roraima, a partir da transformação do 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (12° Esqd C Mec).

A crise

A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, como foi em 1777, quando era a Capitania Geral do Império Espanhol. O país apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido. Esse documento anulou um laudo de 1899 que definia os limites defendidos pela Guiana e pedia à Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal das Nações Unidas, que o ratificasse.

Único país da América do Sul que tem o inglês como idioma oficial, a Guiana se tornou oficialmente parte do Império Britânico em 1814, após o território ter sido cedido pela Holanda, que estava no poder desde o século XVI, depois de ser tomado por tropas britânicas em 1796. Antes disso, a região já havia sido explorada pelos espanhóis no século XV, mas não chegou a ser colonizada, como a vizinha Venezuela. Mesmo independente, até hoje a nação integra a Comunidade Britânica, grupo composto por 53 países que fizeram parte do antigo Império.

Questão geopolítica

Até 1831, o território guianês era dividido nas colônias de Essequibo, Demerara e Berbice, mas foi unificado sob domínio britânico, quando passou a se chamar Guiana Inglesa. A raiz do problema atual, inclusive, remonta a este período, época em que as fronteiras eram estabelecidas por meio de acordos entre potências europeias.

De um lado, a Guiana se atém a um laudo arbitral de Paris de 1899, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Do outro, a Venezuela se apoia em sua interpretação do Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa, em que Londres e Caracas concordam em estabelecer uma comissão mista "com a tarefa de buscar uma solução satisfatória" para a questão, uma vez que o governo venezuelano na ocasião considerou o laudo arbitral de 1899 "nulo e vazio". No acordo, no entanto, Londres apenas reconhece esse posicionamento de Caracas, mas não respalda sua interpretação de que sentença de 1899 foi baseada em uma fraude.

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