Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia, na Holanda (Nicolas Economou/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 17h37.
A delegação brasileira criticou nesta terça-feira, 20, a ocupação "ilegal e inaceitável" de territórios palestinos por Israel durante uma audiência na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, no âmbito de um processo anterior à guerra em Gaza que analisa o conflito israelense-palestino, em especial a expansão de assentamentos judeus na Cisjordânia.
A CIJ, autoridade judicial máxima das Nações Unidas, tem convocado diversos países para opinarem sobre a ocupação israelense em territórios palestinos — política impulsionada pelo governo de extrema direita do premier Benjamin Netanyahu. A ação desta terça é diferente do processo de genocídio movido pela África do Sul no mesmo tribunal sobre as supostas violações cometidas em Gaza.
Segundo a delegação brasileira, as ocupações são equiparáveis a uma anexação ilegal e não devem ser "normalizadas pela comunidade internacional".
— Israel deve colocar o fim da ocupação da Palestina — defendeu a delegação brasileira durante a audiência, alegando que o posicionamento da corte é essencial para que "todos saibam" as consequências legais de ações como a que estão sendo tomadas por Israel.
As duras críticas feitas pelo Itamaraty na CIJ acontecem em meio a uma grave crise diplomática entre Brasil e Israel, iniciada após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparar a ofensiva israelense em Gaza com o Holocausto. O presidente Lula foi considerado como persona non grata no Estado judeu, e ambos os países convocaram seus embaixadores para esclarecimentos.
Na esteira das recentes críticas do mandatário brasileiro, o Itamaraty reforçou que as ações no enclave palestino, em resposta ao ataque terrorista do Hamas, são "desproporcionais e discriminatórias".
— A ocupação viola o direito do povo palestino por autodeterminação — afirmou a delegação brasileira.
Além do Brasil, outros 10 países também apresentaram seus argumentos na audiência desta terça-feira. Até 26 de fevereiro, outras 52 nações se posicionarão sobre o conflito, que se arrasta há décadas. A previsão é que o tribunal delibere sua decisão nos próximos meses.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro, 29 mil palestinos e 1,2 mil israelenses morreram.
Apesar de ser o maior tribunal internacional para julgar conflitos entre Estados, a CIJ não pode fazer uso da força para que as suas decisões sejam cumpridas. O Conselho de Segurança da ONU, onde Israel conta com o apoio dos EUA, é o único órgão com tal atribuição.