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Após repercussão, Bolsonaro revê declaração sobre "perdoar o Holocausto"

Presidente diz que interpretações errôneas só interessariam a quem deseja afastá-lo "dos amigos judeus"

Bolsonaro enviou uma carta às autoridades de Israel com o objetivo de esclarecer sua declaração sobre o Holocausto (Debbie Hill/Reuters)

Bolsonaro enviou uma carta às autoridades de Israel com o objetivo de esclarecer sua declaração sobre o Holocausto (Debbie Hill/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de abril de 2019 às 09h24.

Última atualização em 15 de abril de 2019 às 10h05.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro enviou no último sábado (13) uma carta às autoridades de Israel com o objetivo de esclarecer suas declarações sobre o Holocausto. No documento, ele afirma que as interpretações errôneas só interessariam a quem deseja afastá-lo "dos amigos judeus".

"Deixei escrito no livro de visitantes do Memorial do Holocausto em Jerusalém: 'Aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro'. Portanto, qualquer outra interpretação só interessa a quem quer me afastar dos amigos judeus. Já o perdão é algo pessoal, nunca num contexto histórico como no caso do Holocausto, onde milhões de inocentes foram mortos num cruel genocídio", afirmou o presidente na carta.

A mensagem foi enviada após o presidente de Israel, Reuven Rivlin, ter feito uma crítica, em seu Twitter, em relação a uma fala dita por Bolsonaro, durante evento com evangélicos no Rio de Janeiro na semana passada.

Na ocasião, o presidente do Brasil afirmou que "nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer" o extermínio em massa de judeus durante a 2ª Guerra.

"Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma", disse Bolsonaro aos convidados.

Em seu tuíte, Ravlin afirmou que sempre se oporá a quem desejar eliminar a memória do povo judeu. "Nem líderes partidários ou primeiros-ministros vão perdoar, nem esquecer", afirmou.

A fala de Bolsonaro gerou repercussão negativa na comunidade internacional. No mesmo dia, o centro de memória do Holocausto Yad Vashem emitiu uma nota afirmando que "não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados".

O  Yad Vashem é um memorial dedicado a homenagear as vítimas e os que combateram o genocídio de seis milhões de judeus pelos nazistas.

Tuíte de Carlos Bolsonaro

Para reverter as críticas, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) usou sua conta no Twitter neste domingo (14) para esclarecer a mensagem do pai.

Ele publicou a foto de uma página em branco em que consta uma frase escrita à mão e assinada pelo presidente: "Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro".

Segundo Carlos, a foto foi tirada pelo embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley. Também no Twitter, ele atacou a mídia ao dizer que a verdadeira mensagem deixada por seu pai no Museu do Holocausto "você não verá na imprensa desinformada".

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