Brasil

Políticos querem noções de trânsito e outras 30 disciplinas

Entre as propostas dos parlamentares estão aulas de noções de trânsito, prevenção ao uso de drogas e segurança digital

Crianças em escola de Curitiba: cerca de 7% das crianças e adolescentes em idade escolar não frequentam a sala de aula (César Brustolin/SMCS)

Crianças em escola de Curitiba: cerca de 7% das crianças e adolescentes em idade escolar não frequentam a sala de aula (César Brustolin/SMCS)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2015 às 13h22.

São Paulo – Estão em tramitação no Congresso Nacional pelo menos 30 projetos de lei para incluir novas disciplinas ao currículo escolar. Entre as propostas dos parlamentares estão aulas de cidadania, noções de trânsito, prevenção ao uso de drogas e segurança digital. Um deles sugere aos universitários que estudem noções básicas de primeiros-socorros.

Se for considerar projetos que já foram arquivados, mas também sugeriam mais matérias para os estudantes, a lista passa de 80. Todas matérias que passariam a compor a grade currícular ao lado de outras como português, matemática, história e geografia.

Nas justificativas dos projetos, um argumento semelhante: dar noção às crianças e aos adolescentes de temas que são caros à sociedade.

"É preciso estabelecer um programa de conscientização educacional, abrindo os olhos dos jovens e dos adolescentes", explica o deputado Rômulo Gouveia (PSD) no projeto sobre segurança digital.

Integração de saberes

A inclusão de disciplinas no currículo estudantil, entretanto, vai contra o que tem se estudado sobre educação. A lista de matérias que faz parte da grade dos estudantes já é considerada inchada pelo Ministério da Educação e especialistas na área.

Professor da Universidade de Brasília, especialista em educação, Carlos Medeiros ressalta que a extensa lista de disciplinas contradiz o que a literatura e as pesquisas mais recentes mostram sobre o sucesso no aprendizado.

"Esse tipo de educação conteúdista é distante do estudante, que não consegue se enxergar nas matérias. Existem outras formas de trabalhar esses saberes que não fazem parte da formalização de uma disciplina."

Medeiros acrescenta que na Finlândia, onde os índices de educação são excelentes, o governo resolveu romper com as disciplinas no ensino médio. "Isso não significa abandonar o conteúdo. Os saberes continuam, o que muda é a forma."

A integração de uma nova disciplina significa organizar um curso estruturado e com identidade. "Quando ficaria melhor se os saberes fossem integrados a realidade prática, em vez de isolado", explica Medeiros.

Mais atrapalha que ajuda

Apesar do alerta de especialistas, projetos semelhantes ao que deseja que os alunos estudem meio ambiente são aprovados pelo Congresso. Em 2012, o Senado aprovou em fase terminativa a inclusão de Cidadania Moral e Ética no ensino fundamental e Ética Social e Política no ensino médio.

Na época, o Ministério da Educação interveio para retardar a tramitação do projeto na Câmara dos Deputados. O então secretário de Educação Básica da pasta, Cesar Callegari, destacou que os estudantes já eram expostos a muitas matérias e que o conteúdo sugerido no projeto poderia ser abordado nas matérias já existentes.

Callegari chegou a afirmar que esse tipo de proposta "acaba por atrapalhar porque desorganiza o sistema curricular. Embora o propósito original fosse ajudar".

Confira algumas disciplinas que os parlamentares querem:

Princípios à cidadania
Noções Básicas de Trânsito
Primeiros Socorros nos cursos e programas da educação superior
Conceitos Políticos
Educação e Segurança Digital
Orientação profissional
Educação Financeira
Prevenção do uso de drogas

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