Eduardo Leite: governador gaúcho perdeu as prévias do PSDB para João Doria, em novembro. (Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 28 de março de 2022 às 14h50.
Última atualização em 28 de março de 2022 às 16h02.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou, nesta segunda-feira, 28, que vai renunciar ao cargo na próxima quinta-feira, 31. Sem falar exatamente qual será seu caminho e qual posto pretende se candidatar em 2022, ele disse que vai renunciar ao poder, mas não à política. Também afirmou que "todas as possibilidades" estão em aberto, e não descartou uma eventual reeleição.
"A minha escolha impacta bem mais do que a minha vida. E, por isso, ela foi tão ponderada. Vou renunciar ao cargo de governador de Rio Grande do Sul. Vou renunciar ao poder, para não vou renunciar à política. Me deram a convicção de que eu preciso para me movimentar em qualquer direção. Não estou saindo, estou me apresentando", disse ele em coletiva de imprensa.
Quem assume é o vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, do mesmo partido de Leite. Delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ele também é secretário da Segurança Pública.
Leite chegou a flertar com o PSD, que se entusiasmou com a possibilidade de ter o nome dele na legenda, mas o governador decidiu ficar no PSDB e anunciou a decisão ao presidente do partido, Gilberto Kassab, na noite de domingo, 27.
Em novembro, o governador de São Paulo, João Doria, venceu as prévias do PSDB para se lançar como candidato à presidência da República. Na disputa, o paulista teve 53,99% dos votos, contra 44,66% de Eduardo Leite. Arthur Virgílio teve 1,35%. Apesar da vitória, a candidatura só é carimbada após a convenção do partido, o que deve ocorrer em junho.
Leite tem conversado com outros caciques do PSDB, como o senador Tasso Jereissati (CE) e o deputado federal Aécio Neves (MG), que tem feito forte oposição a Doria. Eles têm incentivado o gaúcho a manter o seu nome como uma opção do partido a ser apresentado nas prévias. Aliados do governador paulista dizem que isso seria um “golpe”.
Na entrevista coletiva desta segunda-feira, Leite disse que "as prévias não perdem a legitimidade, mas não perdem a exclusividade". "Não vou desrespeitar as prévias", garantiu.
O que pesa internamente contra Doria e dá força ao nome de Leite é o governador paulista não ter decolado nas pesquisas, mesmo após ele anunciar a intenção de disputar o Palácio do Planalto.
Na mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, Leite tem 2% das intenções de voto e Doria 1%. Mesmo que seja dentro da margem de erro da sondagem, que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, a corrente do partido que defende a candidatura do gaúcho se apoia nos números de rejeição.
Na pergunta sobre em que o eleitor não votaria “de jeito nenhum”, o governador paulista aparece com 18%, e Leite tem 11% das menções. Vale lembrar também que Doria é mais conhecido que o governador do Rio Grande do Sul, o que naturalmente faz ele também ser mais lembrado em uma questão de rejeição.
A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 23 de março. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-04244/2022. A pesquisa EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Confira o relatório completo aqui.
Em fevereiro, durante o CEO Conference, evento do BTG Pactual (controlador de EXAME), Doria admitiu, pela primeira vez, que pode não sair candidato do PSDB. “Se lá na frente eu precisar oferecer o meu apoio para não ter dicotomia [de Lula e Bolsonaro] estarei ao lado daquele, e de quantos que serão capacitados, para ganhar”, disse.
O PSDB já anunciou que vai formar uma federação com o Cidadania para lançar uma candidatura à presidência da República. O partido está em conversas ainda para fazer uma aliança a nível nacional com o União Brasil, além do MDB. A ideia é ter como vice de Doria a senadora Simone Tebet (MS).