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Dodge defende que STF mantenha prisão após 2ª instância

Ano passado, o STF determinou que é constitucional a execução da pena após segunda instância. Mas neste ano, ministros indicaram podem rever a decisão

Dodge: Caso a Corte decida rever o tema, segundo Dodge, a pena será a perda de credibilidade nas instituições (Wilson Dias/Agência Brasil)

Dodge: Caso a Corte decida rever o tema, segundo Dodge, a pena será a perda de credibilidade nas instituições (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de novembro de 2017 às 07h24.

São Paulo - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu nesta quarta-feira, 1, que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha a decisão de prisão após segunda instância. Caso a Corte decida rever o tema, segundo Dodge, a pena será a perda de credibilidade nas instituições.

"Nossa agenda mais recente deve incluir a luta pelo fim da impunidade. Para isto, é necessário defender no Supremo Tribunal Federal o início da execução da pena quando esgotado o duplo grau de jurisdição, com a condenação do réu pelo Tribunal intermediário", disse a procuradora-geral.

Dodge participou da abertura do 34º Encontro Nacional de Procuradores da República, promovido pela ANPR, em Porto de Galinhas (PE), que acontecerá até domingo, 5.

Em outubro do ano passado, o STF determinou que é constitucional a execução da pena após segunda instância. Mas neste ano, os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello já indicaram que a Corte pode rever a decisão. A Advocacia-Geral da União encaminhou um parecer ao Supremo, em outubro, pedindo que o pleno reveja a decisão.

A procuradora-geral disse, em seu discurso, que caso os ministros mudem a determinação, as instituições podem perder credibilidade.

"O sistema de precedentes vinculantes adotado no Brasil exige que a decisão do Pleno do STF, que afirmou a constitucionalidade da prisão após a segunda instância, seja respeitada, sob pena de reversão da credibilidade nas instituições, como capazes de fazer a entrega da prestação jurisdicional de modo seguro, coerente e célere", declarou.

Corrupção

Para a plateia de procuradores da República, Dodge disse que precisa continuar o trabalho contra a corrupção, "para que os esforços seguros feitos nos últimos anos permaneçam nos vindouros".

A procuradora-geral disse ainda que os corruptos "são escravos da ganância e perpetuadores da desigualdade", porque desviam recursos dos mais necessitados e promovem a ideia de que estão acima da lei.

Em seguida, emendou: "Estavam. Aos poucos, aos poucos, por causa da firmeza das instituições, dentre elas o Ministério Público do Brasil e, notadamente, o Ministério Público Federal, a defesa da dignidade humana e de uma sociedade mais honesta e mais justa abre espaço no debate público para uma agenda diferente para o Brasil".

A fala de Dodge ocorre no mesmo dia em que se tornou pública a manifestação da Procuradoria-Geral da República, em que pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, seja ouvido. Segundo a procuradora-geral, não há dúvidas de que Nunes tenha recebido ilegalmente da Odebrecht R$ 500 mil para a campanha de 2010.

Momento difícil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Luís Roberto Barroso, que também esteve presente no evento quarta-feira, disse que o País vive um momento de "refundação". Em sua fala, ele ressaltou que a democracia brasileira ultrapassou o que parecia invencível, como a hiperinflação e a extrema pobreza.

"Agora nós vivemos no Brasil esse momento difícil, mas talvez um momento de refundação do País, em que há uma imensa demanda por integridade, por idealismo, por patriotismo, como eu nunca vi", afirmou.

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