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Divergências do PT podem ser mais um obstáculo para Dilma

Partido da presidente passa por um momento turbulento, com eleições sobre o candidato de 2014 e divergências na Câmara sobre reforma política


	O futuro do partido da presidente: divergências petistas tornam o trabalho de recomposição da base aliada, uma das prioridades de Dilma, ainda mais difícil
 (©afp.com / Pedro Ladeira)

O futuro do partido da presidente: divergências petistas tornam o trabalho de recomposição da base aliada, uma das prioridades de Dilma, ainda mais difícil (©afp.com / Pedro Ladeira)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 15h47.

Brasília - As divergências internas do PT, amplificadas pelo processo de eleição do novo comando do partido, podem se transformar num obstáculo adicional para a presidente Dilma Rousseff retomar a unidade da sua fragmentada base aliada no Congresso.

O partido da presidente passa por um momento turbulento. Há fortes divisões em sua bancada na Câmara sobre como deve ser encaminhada a reforma política, a eleição presidencial de 2014 não é consenso, há alas que querem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre na disputa, e o partido ainda vê correntes internas acirrarem as posições por causa do processo de escolha do novo comando, marcado para novembro.

Essas divergências petistas tornam o trabalho de recomposição da base aliada, uma das prioridades de Dilma na volta do recesso parlamentar, ainda mais difícil.

As falhas na articulação política do governo, evidenciadas em votações importantes no Congresso, foram agravadas pela forte queda de popularidade da presidente depois das manifestações populares de junho e por um cenário econômico cada vez mais complicado.

O senador Humberto Costa (PT-PE) alerta que a desunião não ajuda o governo. "O PT desunido colabora para um isolamento em relação à base aliada e não ajuda (o governo)", disse.

A disputa eleitoral interna é considerada o principal combustível para as atuais divergências na avaliação de outro petista, que pediu para não ter seu nome revelado. "Tem um grupo de mentalidade stalinista que está tentando puxar o partido para um lado de condenar as alianças, o que pode isolar o PT no Congresso", disse o parlamentar.

Esse petista, porém, acredita que os efeitos dessa divisão interna não vão prejudicar o governo ou a presidente individualmente, porque o ex-presidente Lula tem como controlar a legenda e evitar o pior.

Lula, aliás, tem se reunido com petistas de várias correntes nas últimas semanas e tenta conter as reclamações contra Dilma no partido e as especulações de que poderia substituí-la na disputa pela Presidência em 2014.


Soma-se ao quadro de divergência interna a postura distante de Dilma em relação ao PT, que é apontada por alguns como um fator adicional para as divisões. Os petistas sempre lembram que sua militância política é no PDT. A presidente só se filiou ao PT em 2000.

Há aqueles, por exemplo, que criticaram a ausência dela na reunião do Diretório Nacional há cerca de duas semanas, em Brasília. Na avaliação desses petistas, Dilma deveria ter participado da reunião que discutiu saídas para as dificuldades políticas e econômicas do governo.

A resolução política aprovada pelo Diretório Nacional, mais de uma semana depois da reunião em que foi apresentada, mostra como as divergências internas do partido estão exacerbadas.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), candidato à presidência do partido, diz que até junho, antes das manifestações populares, o campo majoritário do PT acreditava que as eleições estavam decididas e que não seria necessário enfrentar debates internos.

"As manifestações evidenciaram os problemas no PT", disse Teixeira, que apresenta mais condições de levar a disputa para o segundo turno com o atual presidente Rui Falcão.

"Essa crise mostrou que não bastava comemorar o passado, tem que olhar o presente e que o PT tem que ser ator e não espectador", argumentou.

Teixeira não acredita que a disputa interna trará dificuldades adicionais a Dilma. "O PT é assim, é estridente. Mas estamos com ela", garantiu.

"Se houvesse um nível de unidade maior, poderia ajudar mais o governo (nesse momento de dificuldades)", afirmou o deputado André Vargas (PT-PR).

Segundo ele, as divergências internas são normais no PT e nem devem ser tolhidas. "A unidade fictícia também não é boa."

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