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Remy Sharp
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A ex-presidente Dilma Rousseff segue com viagem marcada a Xangai, na China, para assumir formalmente o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado "banco dos Brics". Dilma foi indicada pelo governo brasileiro, com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foi oficializada nesta semana como presidente da instituição. 

Anteriormente, a posse de Dilma ocorreria paralelamente à ida da comitiva brasileira chefiada por Lula à China, para encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. O governo brasileiro teve de cancelar a viagem por conta de um quadro de pneumonia em Lula, e uma nova data está sendo discutida. Na agenda anterior, estava prevista a ida de Lula a Xangai para visitar o NDB e comparecer à posse de Dilma

O banco foi criado em 2014 como instituição financeira de fomento ao desenvolvimento, tendo liderança do bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os "Brics". 

Dilma assume presidência, mas cerimônia será remarcada

Dilma começará a despachar da sede do banco e vai se mudar para Xangai, mas a cerimônia de posse, antes prevista para o dia 30 de março, foi cancelada. A ideia é que solenidade seja organizada para coincidir com a visita de Estado de Lula ao presidente chinês, Xi Jinping. Os dois governos trabalham numa nova data. Uma proposta é maio.

Integrantes do governo e empresários do agronegócio brasileiro sugeriram que Lula viaje em maio, por volta do dia 18, para aproveitar uma feira de alimentação local, a SIAL, que costuma ter a presença de Xi Jinping.

Lula poderia emendar a visita de Estado à China com a ida à cúpula do G7, no Japão. Mas diplomatas avaliam potenciais sensibilidades chinesas e a disponibilidade na agenda do presidente do país.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou a proposta da viagem em maio, mas disse que agora a nova data depende de uma decisão da China.

A viagem de Dilma foi confirmada à reportagem por diplomatas, assessores da ex-presidente e integrantes do governo Lula.

O embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Galvão, viajará a Xangai para recepcionar Dilma e auxiliar nos trâmites iniciais. Ela começa a trabalhar imediatamente.

Troca no comando do banco

Conforme integrantes do governo, era possível que Dilma viajasse à China com a Força Aérea Brasileira (FAB), a bordo do maior avião da frota, um A330 que vai ser deslocado de Brasília para buscar servidores do Itamaraty e da Presidência da República. Eles haviam viajado antecipadamente para preparar a visita de Estado de Lula, cancelada de última hora.

O próprio NDB, porém, paga a seu quadro de funcionários viagens internacionais na contratação, além de um subsídio para instalação em Xangai. Como o Estadão mostrou, o banco acelerou os processos internos e elegeu por unanimidade, na última sexta-feira, dia 24, Dilma como nova presidente. A ideia era coincidir a posse com a passagem da delegação presidencial pela China.

Até então, o presidente do banco dos Brics era o diplomata e economista Marcos Troyjo, indicado pelo governo Jair Bolsonaro com aval do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. Troyjo deixou o cargo na semana passada para abrir caminho para a mudança, em comum acordo com o governo Lula, por divergências de posições. 

Papel de Dilma nos Brics

Dilma passará a morar e a despachar no novo e moderno edifício construído para abrigar o NDB, inaugurado em 2021. A cidade é um centro financeiro global. Ela trabalhará num gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e receberá remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição.

Este será o primeiro cargo público de Dilma desde o impeachment em seu segundo mandato como presidente, em 2016. Desde então, a ex-presidente tem atuado na vida partidária do PT e em palestras e organizações acadêmicas, além de ter se candidatado ao Senado nas eleições de 2018.

À frente do NDB, Dilma terá como missão mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Brics e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento. No total, o Brasil já recebeu mais de US$ 5 bilhões do NBD desde sua fundação.

A China lidera esse ranking com mais de US$ 8 bilhões. Segundo um interlocutor da ex-presidente, a indicação de Dilma para presidir o banco seria também uma forma de reaproximar o Brasil da China, já que Dilma mantém boas relações com o presidente chinês Xi Jinping, que já estava no poder durante seu mandato.

Dilma deve ganhar em torno de US$ 500 mil por ano. O valor exato não é divulgado pelo NDB, mas pessoas com passagem pela gestão do banco dizem que o parâmetro é o valor pago pelo Banco Mundial. Procurado, o NDB não se manifestou.

O que é o "banco dos Brics"

O NDB, o "banco dos Brics", foi criado durante o primeiro mandato de Dilma, entre 2011 e 2014. A decisão do grupo de países por criar a instituição ocorreu após reunião de cúpula em Fortaleza, em 2014.

Uma das intenções é ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Atualmente, a carteira de investimentos do banco dos Brics é da ordem de US$ 33 bilhões em 96 projetos pelo mundo. A meta, segundo relatório divulgado banco, é investir mais cerca de US$ 30 bilhões até 2026.

O conceito dos Brics perdeu força nos últimos anos em meio às crises econômicas e políticas dos países envolvidos. Quando o grupo foi criado, a expectativa era que o Brasil seguisse a transição de país de renda média para país rico, o que não ocorreu.

Países como Rússia e Índia, dos presidentes Vladimir Putin e do premiê Narendra Modi, também viram deterioração em suas instituições democráticas desde então. A China é hoje a maior força entre os países originais do grupo. 

O foco do banco é o financiamento de projetos de energia limpa e eficiência energética, infraestrutura de transportes, saneamento básico, proteção ambiental, infraestrutura social e digital. Tanto empresas privadas quanto órgãos públicos podem ter empréstimos aprovados pelo Banco dos Brics.

O NDB é um dos oito grandes bancos de desenvolvimento mundiais, ao lado de órgãos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Europeu de Investimento, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Mundial, entre outros.

(Com informações de Estadão Conteúdo e Agência O Globo)

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