Dilma diz que fez "grande burrada" reduzindo impostos de empresas
Na véspera, ela já havia indicado que cometeu um "grande erro" ao promover a desoneração fiscal no país
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de março de 2017 às 14h55.
Genebra - A presidente cassada Dilma Rousseff insistiu nesta segunda-feira, 13, em declarar que fez "uma grande burrada" ao reduzir impostos para empresas durante seu mandato. O comentário foi feito em uma reunião fechada com estudantes brasileiros, em Genebra.
"A cultura no Brasil é a de que é um absurdo pagar imposto. Mas como faz programa social sem impostos?", questionou durante o encontro no qual o jornal O Estado de S. Paulo participou.
Um dia antes, ela já havia indicado que cometeu um "grande erro" ao promover a desoneração fiscal no País.
Em Genebra para participar de debates e seminários, a brasileira foi questionada se era capaz de assumir erros e se estava arrependida de alguma decisão que tomou enquanto foi presidente do Brasil.
"Eu acreditava que, se eu diminuísse impostos, eu teria um aumento de investimentos", disse Dilma. "Eu diminuí. Eu me arrependo disso. No lugar de investir, eles aumentaram a margem de lucro", afirmou.
Ela voltou a fazer a mesma afirmação quando foi entrevistada neste domingo pela TV pública suíça, RTS. "Sempre temos de reconhecer erros. Em certos momentos, você repassa a sua vida. O que eu poderia ter feito diferente", comentou.
Segundo ela, uma das acusações que foram feitas a ela é de ter mantido uma política fiscal "mais frágil".
"Eu errei numa coisa: tentamos fazer que investimentos fossem aumentados. Fiz uma grande desoneração, brutalmente reduzimos os impostos", disse. "Ali eu fiz um grande erro", avaliou.
"Eu acreditava que, se fizéssemos isso, eles iriam investir mais e a coisa seria melhor. Eu errei", completou.
Parte de suas políticas chegou a ser condenada na Organização Mundial do Comércio (OMC), como a redução de IPI para empresas locais.
Sua avaliação, porém, é de que houve uma "subestimação das razões da crise econômica". "Todos sabem que, na metade de 2014, houve queda significativa dos preços das commodities. Isso afeta a arrecadação do Brasil e nossa balança comercial", disse, lembrando a mudança na política monetária dos EUA e ainda o freio na economia chinesa.