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Delator diz que avisou Marcelo Odebrecht sobre propina "insana"

"Vai dar problema um dia ou outro", teria dito o executivo ao patrão

Marcelo Odebrecht: para executivo, volume de propinas pagas pela empresa era "insano" (Kiyoshi Ota/Bloomberg)

Marcelo Odebrecht: para executivo, volume de propinas pagas pela empresa era "insano" (Kiyoshi Ota/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de março de 2017 às 06h44.

Brasília - O ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas afirmou ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que avisou Marcelo Odebrecht algumas vezes sobre o "volume insano" de movimentações financeiras realizadas pela empreiteira. "Vai dar problema um dia ou outro", disse o executivo ao patrão.

O depoimento do delator foi no âmbito na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra a chapa Dilma/Temer, reeleita em 2014.

Ao contar sobre como temia pela segurança dos funcionários do setor responsável por efetuar pagamentos para agentes públicos de várias nacionalidades e em diversas praças bancárias do mundo, o executivo afirmou ter brigado muitas vezes com seus superiores por causa de solicitações para pagamentos em alguns países "impossíveis".

Dentro da estrutura do setor, disse Mascarenhas, Fernando Migliaccio gerenciava o trabalho das secretárias Angela Palmeira e Maria Lúcia Tavares, responsáveis por acionar o operadores que efetuavam os pagamentos em espécie no Brasil. Luiz Eduardo Soares, o Luizinho, seria o nome por trás das grandes operações no exterior.

Como exemplo, o delator relatou um pagamento US$ 20 milhões solicitado para ser entregue em Angola. "O senhor não faz uma operação de US$ 20 milhões nesse mundo hoje. No mundo hoje, o senhor não faz. Então o senhor tem que criar vários caminhos para fazer esses pagamentos", afirmou, ao detalhar as manobras financeiras utilizadas pelo setor.

O delator citou a utilização de fundos de investimentos e transações entre contas dentro do mesmo banco e depois entre contas da mesma pessoa em bancos diferentes para que o dinheiro chegasse até o agente público sem despertar suspeita do compliance dos bancos.

"Porque nós tivemos problemas de o banco chamar e dizer assim: tire a sua conta daqui, porque você está fazendo essa conta pagamentos diversos e eu sou um banco private", contou. "O Luiz Eduardo vivia muito nisso, entendeu? Identificar novos bancos", completou.

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