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Debate foi espetáculo triste e deprimente, diz cientista político

Para Humberto Dantas, "quem ganhou foi a vontade do eleitor de se abster, votar em branco"

Debate entre os presidenciáveis foi realizado na quinta-feira, 9, pela TV Bandeirantes (Kelly Fuzaro/Band/Reuters)

Debate entre os presidenciáveis foi realizado na quinta-feira, 9, pela TV Bandeirantes (Kelly Fuzaro/Band/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 10h56.

Última atualização em 10 de agosto de 2018 às 10h57.

São Paulo - O debate entre os presidenciáveis, realizado na quinta-feira, 9, pela TV Bandeirantes, foi um espetáculo triste e deprimente para o país, colocando em campo o irreal, o fantasioso, um verdadeiro circo dos horrores. A avaliação é do cientista político, Humberto Dantas, em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"E, pior, nos mostrou que a política não agoniza à toa. O que tem de mudar é o sistema político como um todo. Um presidente da República que pode colocar o País nos trilhos passa longe do que foi mostrado ontem. Creio que não podemos mais insistir nesses velhos formatos de discutir a política, infelizmente, esses debates, como o de ontem da Band, estão se tornando uma atração desnecessária."

Para Humberto, o debate não teve ganhadores. "Quem ganhou foi a apatia. Neste debate, ganhou a vontade do eleitor de se abster, votar em branco ou votar nulo. Como esse grupo já lidera, sobretudo quando o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece nas simulações das pesquisas eleitorais, tem tudo para se expandir nessas eleições", destacou Dantas.

Ao falar do primeiro debate na TV, o cientista político disse que ele foi mais um espetáculo de "candidatos a rei ou a comentaristas da realidade" e menos de postulantes ao posto mais cobiçado do País. E exemplifica com o candidato do PDT, Ciro Gomes, que abusou do "eu" e do "meu" em suas falas, "tal qual um coronel".

Na sua avaliação, a ausência do Partido dos Trabalhadores no embate, já que o candidato da sigla, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso e não obteve autorização judicial para participar, simplesmente representou a ausência de uma temática que seria explorada, como os escândalos do petrolão, que desembocaram na Lava Jato. "No meu entender, inauguraria apenas mais uma frente de acusações."

Humberto Dantas reitera que o País não ganhou nada, em termos de democracia, após esse debate. "É preciso existir um pouco mais de honestidade. Sem cultura política, o que se viu foi um debate com esse péssimo nível", reiterou.

Um dos únicos pontos positivos, no seu entender, foi quando Geraldo Alckmin (PSDB) - na resposta a Marina Silva (Rede) - disse que ninguém governa sozinho. "Foi a única coisa minimamente responsável que se disse no debate e, mesmo assim, em poucos segundos."

Outro ponto positivo, para Dantas, é que um debate equilibra o tempo de exposição dos concorrentes, sempremuito desequilibrado no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. "Mas, por outro lado, esse ponto que seria positivo nos mostrou, no debate de ontem da Band, quão deprimente está o embate dos concorrentes nessa corrida presidencial."

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