Em encontro com Trump no Japão, Bolsonaro voltou a tratar de apoio dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2019 às 06h41.
Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 16h59.
O encontro entre chefes de estado das 20 maiores economias do mundo começou nesta sexta-feira em Osaka, no Japão, com foco nos acordos bilaterais entre os países. Os anfitriões tentarão apoio para pautas mais gerais, como a redução no uso de plástico e o empoderamento feminino, mas todos estarão de olho mesmo nas conversas de bastidores.
A começar pelo esperado encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping. Os dois conversarão na tarde de sábado e a expectativa é que acertem uma trégua na guerra comercial que vem reduzindo o crescimento econômico global. No último encontro do G20, em Buenos Aires, no fim de 2018, acertaram um cessar-fogo de 90 dias.
Para os brasileiros, a grande pauta é a estreia de Jair Bolsonaro em encontros do G20. Já sabemos o que não esperar. Sua estreia no Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro, deixou claro que não teremos discursos inspiradores, nem um protagonismo em pautas caras ao grupo, como a sustentabilidade.
Já sabemos também o que esperar: episódios que ora demonstram uma simplicidade quase anedótica, ora beiram o surrealismo. Em Davos, Bolsonaro trocou almoços com grandes líderes globais pelo bandejão. No Japão, ontem, almoçou em churrascaria — segundo o general Augusto Heleno, ele não gosta de comida japonesa. Também passeou pelas ruas e tirou fotos com populares.
Em um vídeo transmitido pela internet, Bolsonaro criticou sua associação com o militar preso com 39 quilos de cocaína e voltou a um tema inusitado, o nióbio. Mostrou uma correntinha supostamente feita com o mineral, que custou, segundo ele “mil dólares”. “Ninguém tem reação alérgica ao nióbio”, diz. O objetivo do vídeo, ninguém sabe. O fato é que o Brasil é o maior produtor de nióbio do mundo, e o mineral tem usos tão diversos, e importantes, quanto a construção civil e a indústria automotiva.
Bolsonaro segue reforçando, portanto, sua capacidade de mirar o que não importa. A grande dúvida na mesa é se conseguirá voltar do Japão com conquistas importantes. O presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou que Bolsonaro permaneça no Acordo de Paris, em conversa nesta sexta-feira. Os dois trataram também da aproximação entre o Mercosul e a União Europeia — um acordo poderia, segundo cálculos, impulsionar as exportações brasileiras em mais de 20%.
Bolsonaro encontrou também Donald Trump, onde voltou a tratar de apoio para a entrada do Brasil na OCDE. Comércio deve ser o principal tema em discussões com líderes de China, Índia e Japão. Avanços seriam o bastante para decretar uma bem-sucedida estreia do novo governo no G20. Bolsonaro, neste caso, voltaria para casa com mais na bagagem do que a tal correntinha de nióbio.