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Cunha diz a aliados que impeachment não sai este ano

Presidente da Câmara confidenciou entender que o impedimento perdeu apoio popular e criticou o PSDB


	Eduardo Cunha ainda afirmou acreditar que as contas do governo não serão rejeitadas pelo Congresso
 (Lula Marques/Agência PT)

Eduardo Cunha ainda afirmou acreditar que as contas do governo não serão rejeitadas pelo Congresso (Lula Marques/Agência PT)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2015 às 18h55.

Brasília - Em jantar com deputados aliados na semana passada, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse não ver chances de abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff neste ano.

Segundo relatos de participantes do encontro, ele confidenciou entender que o impedimento perdeu apoio popular e criticou o PSDB, que deixou de apoiá-lo na semana do encontro.

Cunha ainda afirmou acreditar que as contas do governo não serão rejeitadas pelo Congresso e disse ter negociado com o Planalto a aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) em troca da aprovação das emendas impositivas de bancada.

O encontro aconteceu na quarta-feira da semana passada, 11, na residência oficial da presidência da Câmara.

"Comentando sobre a questão do impeachment, ele falou claramente que não vê nenhuma possibilidade de este impeachment sair este ano. Ele entende que o impeachment tem que ter um apoio popular grande, que enfraqueceu demais", disse o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), um dos aliados que compareceu ao jantar.

"Mas não falou de prazo, de quando vai tomar a decisão dele. Se houver, é para 2016".

Segundo Rocha, Cunha disse que os fundamentos de alguns pedidos de impeachment que estão em sua gaveta "não têm sentido nenhum" e exemplificou.

"Ele citou um que eu até achei graça. Um cara pegou notícia de jornal, uma coisa assim", relatou. O parlamentar disse que, para Cunha, o impeachment "vem com força total" se as contas de Dilma forem rejeitadas. "Ele acredita que as contas não serão rejeitadas no Congresso", afirmou.

Críticas

Na conversa, Cunha demonstrou sua insatisfação com o PSDB, que passou a defender de forma mais contundente o afastamento do peemedebista da presidência da Câmara.

"Ele falou da forma como o PSDB tratou ele dois dias atrás, dizendo que estava junto com ele e, dois dias depois, muda de ideia, não dá satisfação para ele. Ele ficou chateado. Não ficou colérico, mas ficou chateado", afirmou Rocha.

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) também participou do encontro e confirmou em parte as informações de Hildo Rocha.

"Este ano não tem mais nada (de impeachment). Ele disse que o PSDB abandonou o barco, que só no ano que vem para ele pensar", afirmou.

Acordo

Parlamentares que jantaram com Cunha também disseram que o peemedebista negociou com o governo a aprovação da DRU em troca da aprovação das emendas impositivas de bancada, uma de suas promessas de campanha a presidente da Câmara.

"Este acordo é que se aprova a DRU desde que sejam aprovadas as emendas impositivas dos Estados", disse Rocha.

Na conversa, discutiu-se até os percentuais das emendas. Cunha quer 1,2%. O governo quer 0,6%. Mas o acordo deve ficar em 0,8%. Segundo Perondi, Cunha afirmou estar negociando com o governo há cerca de um mês.

Passaportes

Assim como no almoço com líderes partidários, Cunha também mostrou aos deputados que jantaram com ele seus passaportes com carimbos mostrando entradas e saídas em países africanos.

O peemedebista tem exibido os documentos para comprovar sua versão de que acumulou dinheiro comerciando carne e outros alimentos na década de 1980. "Ele estava muito alegre por ter encontrado os passaportes", disse Hildo Rocha.

À reportagem, Cunha confirmou acordo para aprovar a DRU "junto com o impositivo de bancada". Quanto à aprovação das contas de Dilma, Cunha deu uma versão diferente. "Falei que acho que o Senado não rejeita", afirmou.

Em relação às outras informações envolvendo o impeachment, Cunha disse que tratam-se de "opiniões esparsas de vários".

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