Crise no PSDB: partido se reúne para resolver impasse com Doria
No fim de semana, Doria enviou uma carta à cúpula do partido em que acusa a sigla de “golpe” por não respeita as prévias realizadas no fim do ano passado
Gilson Garrett Jr
Publicado em 17 de maio de 2022 às 06h00.
Última atualização em 17 de maio de 2022 às 08h31.
A Executiva Nacional do PSDB se reúne nessa terça-feira, 17, para definir como responder a carta que o ex-governador de São Paulo, João Doria, enviou ao presidente do partido, Bruno Araújo, em que acusa a sigla de “golpe” por não respeita as prévias realizadas no fim do ano passado.
A carta do ex-governador foi enviada no sábado, 14, e imediatamente Araújo reagiu convocando reunião da cúpula do partido para discutir o teor do documento. A avaliação é de que uma candidatura presidencial de Doria, por sua rejeição no país, "mata" o governador Rodrigo Garcia (PSDB-SP) e consequentemente a chance de o partido permanecer governando o maior estado do Brasil.
Na mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, do fim de abril, a rejeição ao nome de Doria é de 21%, só atrás do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 45%, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 39%.
O ex-governador de São Paulo, que venceu as prévias do PSDB e é o pré-candidato à presidência, rejeita fazer neste momento uma aliança com o MDB, que tem a senadora Simone Tebet (MS) como presidenciável. Na pesquisa EXAME/IDEIA, Tebet tem rejeição de apenas 8% entre os eleitores brasileiros.
PSDB e MDB contrataram pesquisas quantitativa e qualitativa para tentar chegar a um consenso e definir uma candidatura presidencial única. Os resultados devem ser divulgados na quarta-feira, 18, um dia depois da reunião da Executiva tucana.
Antes contrária a ideia de ser vice, Tebet deu sinais de que não precisa ser cabeça de chapa. “Nós aceitamos as regras do jogo e amanhã temos o resultado dela. Se porventura o meu nome for indicado na (pesquisa) quali, eu serei pré-candidata pelo meu partido, independente de outros partidos se somarem conosco ou não”, afirmou a senadora, durante palestra em ciclo de debates promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Doria e seus aliados costumam dizer que o estatuto do PSDB garante a ele a prerrogativa de abrir ou não mão de ser candidato. O ex-governador prometeu levar a questão à Justiça caso o seu partido declare apoio a Simone. Bruno Araújo já avisou que não aceita o argumento e que as prévias não consultaram os filiados sobre coligação com outros partidos, ou seja, não podem impedir que o PSDB se junte a outras forças partidárias.
LEIA TAMBÉM
- Rejeição a Lula é de 39% e a Bolsonaro é de 45%, diz EXAME/IDEIA
- Diferença entre Lula e Bolsonaro no segundo turno cai de 13% para 9%
A cúpula do partido também afirma que o diálogo com o MDB foi iniciado junto com o próprio Doria e que agora, na prorrogação do segundo tempo, ele não quer aceitar as regras do jogo, questionando o resultado da pesquisa antes mesmo de ser divulgado.
Apesar do clima hostil com os caciques do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se manifestou nas redes sociais no domingo, 15, elogiando Doria pela atitude.
Tanto Doria quanto seu o principal rival na legenda, o deputado Aécio Neves (MG), reclamam que os critérios adotados pelos dois partidos foram feitos sob medida para beneficiar a senadora do MDB, que tem menos rejeição nas últimas pesquisas.
O mineiro, que é adversário de Doria, também é contra um "aliança automática" com o MDB e diz que Araújo dá prioridade a Garcia em detrimento de outros da legenda. No entanto, Aécio prefere que o partido escolha outro tucano que não o ex-governador paulista para disputar a eleição e chama a pré-candidatura de Doria de "artificial".
Assim como o ex-governador de São Paulo, Aécio também disse que não vai reconhecer a decisão do partido caso seja por apoio ao MDB nesta semana. "A prerrogativa para fazer qualquer tipo de aliança em uma eleição presidencial é da convenção do partido, não é do presidente (do PSDB), não é da Executiva e não é das bancadas", afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)
LEIA TAMBÉM
- Pesquisa eleitoral: Lula vence Bolsonaro em três regiões, e perde em duas
- EXAME/IDEIA: Lula tem 33 pontos a mais ante Bolsonaro entre mais pobres