Augusto Heleno: general será questionado sobre os ataques aos prédios dos três poderes (Adriano Machado/Reuters)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 26 de setembro de 2023 às 06h01.
Última atualização em 26 de setembro de 2023 às 08h18.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro vai ouvir nesta terça-feira, 26, o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o militar confirmou presença na CPMI. Heleno era um dos ministros mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O militar foi autorizado pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF) a consultar os advogados durante a sessão e permanecer em silêncio se achar que as respostas podem incriminá-lo. O pedido de Heleno ao STF era para faltar ao depoimento, mas o pedido foi negado.
A ida de Heleno atende a nove requerimentos de convocação, entre eles, o da relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama. Ela defende o comparecimento do ex-ministro desde o inicio dos trabalhos da CPMI. A convocação de Heleno está aprovado desde 13 de junho, mas a oitiva foi marcada apenas após a repercussão de supostos trechos da deleção de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Com o GSI no centro da discussão sobre os ataques aos três poderes, os parlamentares devem questionar Heleno sobre o funcionamento do gabinete e qual o seu envolvimento "direto ou indireto" no atos de 8 de janeiro, além de perguntarem sobre um suposto plano de golpe de Estado. A falta de ação do GSI para impedir os ataques é investigação pela CPMI.
Os deputados Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Rogério Correia (PT-MG) afirmaram em um requerimento que querem questionar o ex-ministro sobre a suposta visita de várias pessoas envolvidas com os ataques, incluindo um dos presos em flagrante, ao GSI entre os dias 1º de novembro e 31 de dezembro de 2022.
Heleno já foi ouvido pela CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal e disse que não tinha informações sobre os atos de 8 de janeiro e não ter sido articulador de nenhum golpe. "Se eu tivesse sido articulador, eu diria aqui. Acho que o tratamento que estão dando a essa palavra golpe não é adequado. Um golpe, para ter sucesso, precisa ter líderes, um líder principal, não é uma atitude simples. Esse termo golpe está sendo empregado com extrema vulgaridade. Uma manifestação, uma demonstração de insatisfação não se pode caracterizar um golpe", afirmou o general em junho ao colegiado.
Antes do depoimento de Heleno, a CPMI terá a votação de até seis requerimentos de convocação. O presidente da comissão, o deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou que existe uma dificuldade de acordo entre o governo e a oposição para definir os depoentes. Ele negou que entre os requerimentos esteja o de convocação de Bolsonaro. "Estamos tentando um acordo: ou a CPMI ouve dos dois lados ou não ouve ninguém" declarou Arthur Maia em entrevista coletiva na Câmara.