Correspondente do Guardian no Brasil e indigenista da Funai desaparecem na Floresta Amazônica
O correspondente no Brasil do jornal britânico "The Guardian", Dom Phillips, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo, despareceram na Amazônia
Carlo Cauti
Publicado em 6 de junho de 2022 às 12h46.
Última atualização em 6 de junho de 2022 às 14h42.
O correspondente no Brasil do jornal britânico "The Guardian", Dom Phillips, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo, despareceram na Amazônia.
A informação sobre o desaparecimento do jornalista e do indigenista foi divulgada nesta segunda-feira, 6, pelo próprio Guardian. Os dois encontram-se desaparecidos há 24 horas.
Segundo o jornal, Phillips foi visto pela última vez no fim de semana na região de Javari, no estado do Amazonas, uma vasta região de rios e florestas tropicais perto da fronteira com o Peru.
Eles faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (AM).
O objetivo dos dois era visitar a equipe de vigilância indígena que se encontra próxima à localidade conhecida como Lago do Jaburú, próxima a base de vigilância da FUNAI no Rio Ituí.
O objetivo do deslocamento era o jornalista visitar o local e fazer algumas entrevistas com os indígenas.
Eles chegaram ao Largo do Jaburú no dia 03 de Junho, Sexta-feira, às 19:25.
No dia 05/06, Domingo, retornaram logo cedo em direção à cidade de Atalaia do Norte. Antes, pararam na comunidade de São Rafael, numa visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário local, conhecido pelo apelido de “churrasco”.
A ideia era consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas do território que tem sido bastante afetados por intensas invasões.
Eles chegaram na comunidade de São Rafael, e, como o líder comunitário não estava no local, conversaram com a esposa dele.
Depois, partiram com destino à cidade de Atalaia do Norte, numa viagem de aproximadamente 2 horas.
Deveriam ter chegado entre 08:00 e 09:00 da manhã na cidade, o que não aconteceu.
Uma primeira equipe de busca da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) saiu por volta de 14 horas de Atalaia do Norte, formada por indigenistas extremamente conhecedores da região.
Entretanto, nenhum vestígio foi encontrado.
As últimas informações são que o barco deles foi avistado neste Domingo de manhã pelos habitantes da comunidade da comunidade de São Gabriel, perto de São Rafael, em direção à Atalaia do Norte.
Ainda ontem, numa embarcação maior, outra equipe de busca partiu de Tabatinga.
Novamente nenhum vestígio foi encontrado. Bruno Pereira conhece muito bem a região pois foi o Coordenador Regional da FUNAI de Atalaia do Norte por muitos anos.
Ainda ontem, numa embarcação maior, outra equipe de busca partiu de Tabatinga. Mas, novamente nenhum vestígio foi encontrado.
Os dois desaparecidos viajavam numa embarcação nova, 40 HP, com 70 litros de gasolina. Suficiente para a viagem.
O jornalista britânico estava cobrindo as atividades de madereiros e garimpeiros na região amazônica.
Segundo o Guardian, ele teria recebido ameaças por seu trabalho.
Povos indígenas lançaram o alerta
O alarme sobre o desaparecimento de Phillips e de Araújo foi lançado por povos indígenas locais.
Para o grupo de indígenas da Univaja, Phillips e Pereira partiram na semana passada de barco para uma região conhecida como Lago do Jaburu, chegando ao seu destino na noite de sexta-feira.
O Guardian informou que Phillips estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson.
O jornalista britânico mora em Salvador e realiza reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para uma série de veículos internacionais, além do The Guardian, como o
- Washington Post
- New York Times
- Financial Times
Um porta-voz do Guardian informou que o jornal "está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível".
Não é a primeira vez que Phillips participa de expedições de Pereira na região amazônica.
Já em 2018 ele viajou para a floresta para realizar matérias sobre as tribos perdidas da Amazônia.
Sua última mensagem foi uma postagem no Instagram, onde escreveu “Amazônia sua linda” como legenda de um vídeo de um barco serpenteando por um dos rios da região.