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Conexões internacionais explicam bom ranking da USP

Para pró-reitores, adoção de padrões internacionais de qualidade foi um fator central para inclusão da universidade entre as 70 mais respeitadas

Na interpretação de pró-reitores, pesquisas colaborativas também ajudaram para o bom ranking (Marcos Santos/Divulgação/USP)

Na interpretação de pró-reitores, pesquisas colaborativas também ajudaram para o bom ranking (Marcos Santos/Divulgação/USP)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2012 às 09h17.

São Paulo - O crescimento planejado da pesquisa realizada em colaboração com instituições de outros países e o aumento constante do número de publicações em revistas científicas internacionais podem estar entre as principais explicações para o avanço da reputação da Universidade de São Paulo (USP), na avaliação de seus pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação.

A USP está entre as 70 universidades mais respeitadas do mundo, de acordo com o Ranking Mundial de Reputação de Universidades, divulgado no dia 14 de março e elaborado pelo The Times Higher Education (THE), em parceria com a Thomson Reuters.

O ranking de reputação se refere ao reconhecimento das instituições pelos seus pares – para produzi-lo foram ouvidos mais de 17 mil pesquisadores e acadêmicos de 137 países. A avaliação, de caráter subjetivo, corresponde a um recorte do Ranking Mundial de Universidades, publicado anualmente pelo THE, que envolve outros 12 critérios objetivos.

Na classificação geral, que considera 400 instituições, a USP está em 178º lugar em 2012. Em 2011, estava em 232º. No ranking de reputação, a universidade paulista é a única representante latino-americana entre as 100 instituições avaliadas em 2012, aparecendo na faixa entre o 61º e o 71º lugar. Em 2011, o continente não teve nenhum representante no ranking de reputação.

De acordo com o pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Vahan Agopyan, a escalada da USP nos rankings reflete o esforço de internacionalização realizado pela universidade nos últimos anos.

“A decisão da USP em aumentar o seu intercâmbio internacional foi fundamental para ter esse reconhecimento. Mas é importante destacar que a internacionalização, na nossa concepção, significa proporcionar um ambiente internacional para o trabalho dos nossos alunos e professores. O aumento da mobilidade de estudantes e docentes é uma consequência dessa internacionalização e não a sua finalidade. A internacionalização também implica que a instituição vá se expor globalmente e para isso é preciso garantir padrões internacionais de qualidade”, disse Agopyan.


A criação de um programa de pós-graduação internacional na área de Biotecnologia, envolvendo a USP, a Universidade Rutgers e a Universidade Estadual de Ohio – ambas nos Estados Unidos – foi citada por Agopyan como um exemplo de iniciativa capaz de proporcionar um ambiente internacional. O programa já selecionou os primeiros alunos no início de 2012, sob a responsabilidade da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).

“Outro exemplo na área da pós-graduação foi a proposta de um doutorado em Enfermagem envolvendo a USP e a Universidade Católica do Chile. O curso deverá começar em agosto, sob responsabilidade da Escola de Enfermagem da USP. Agora, estamos estudando a montagem de um doutorado em uma rede euro-brasileira”, afirmou Agopyan, que também é membro do Conselho Superior da Fapesp.

Embora o ranking de reputação feito pelo THE não envolva critérios objetivos como número de publicações científicas e investimento em pesquisa, Agopyan destaca que a avaliação da reputação tem uma importância fundamental.

“O ranking se refere à reputação das instituições entre os pares. Para as universidades de classe mundial, o reconhecimento dos pares é um fator importante, pois, com isso, conseguem-se os intercâmbios necessários e os melhores docentes e alunos, imprescindíveis para o sucesso das atividades de pesquisa e ensino. Esse reconhecimento induz ao aumento da nossa capacidade de atrair talentos”, afirmou.

Agopyan destacou também o papel da Fapesp no processo de internacionalização da USP, que, segundo ele, se refletiu positivamente na reputação da universidade. A USP é a universidade com mais cientistas participando de cooperações, projetos e programas de pesquisa internacionais financiados pela Fapesp.


“O papel da Fapesp é ainda bem maior do que essas iniciativas. A garantia de financiamento contínuo das pesquisas é que permitiu a todas as universidades estabelecidas em São Paulo – estaduais, federais e privadas – obterem destaque. Trata-se de uma agência de fomento de referência em padrões internacionais . Os acordos internacionais da Fapesp sem dúvida complementaram esse apoio imprescindível”, disse.

Sem surpresas

Marco Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa da USP, afirma que a entrada da USP no clube das 70 universidades com reputação no mundo já era esperada pela comunidade acadêmica. De acordo com ele, a posição da universidade vem melhorando significativamente em todos os rankings nos últimos anos.

“O fato de figurar entre as universidades com maior reputação reflete o que observamos quando visitamos outras universidades e conversamos com os pesquisadores estrangeiros. A USP é vista como uma parceira e não mais como uma instituição que recorre aos países desenvolvidos para buscar ajuda. Isso é tão perceptível que a posição no ranking, embora seja inédita, não é de modo algum inesperada”, disse Zago.

Segundo ele, a USP tem uma longa tradição de valorização da excelência – condição indispensável para a ascensão na carreira universitária – e seleciona bem os alunos. Esses são alguns dos fatores que, segundo ele, contribuem com a boa reputação da instituição. O fator principal, no entanto, é o processo de internacionalização.

“A USP tem mantido um fluxo de publicação importante em periódicos internacionais de excelência, o que tem um peso importante na reputação. Investir na internacionalização não significa fazer intercâmbio de alunos em larga escala, mas sim realizar pesquisa em cooperação e publicar em revistas internacionais. A Fapesp tem um papel central no aumento dessa cooperação internacional”, disse Zago.


A escalada da USP no número de publicações pode ser verificada no ranking divulgado anualmente pelo SCImago Institutions Ranking (SIR). Na edição de 2010 do SIR, a USP era a 19ª universidade com mais publicações no mundo. Foram quase 38 mil artigos publicados – mais que o dobro da segunda colocada na América Latina, a Universidade Autônoma do México. Os dados abrangiam as atividades de mais de 600 universidades no período 2003-2008.

Na edição de 2010 do SIR, a USP saltou para o 13º lugar, com dados relativos ao período 2003-2009. Foram mais de 40 mil publicações. O ranking mostra também que mais de 25% dos artigos publicados foram produzidos em colaboração internacional.

De acordo com Zago, o aperfeiçoamento dos critérios do THE também pode ter contribuído até certo ponto para a ascensão da USP no ranking de reputação, que passou a levar em consideração peculiaridades regionais.

“Eles procuram aperfeiçoar continuamente seu método, tornando a pesquisa mais balanceada entre as regiões. Certamente perceberam que havia distorções. Mas não podemos dizer que essa modificação de critérios foi tão crucial nos resultados da USP, porque no ranking de reputação só aparece uma universidade chinesa e nenhuma da Índia, da Rússia, ou da África do Sul”, disse.

A prosperidade econômica brasileira, que coloca o país em evidência, também pode ter contribuído moderadamente para o bom desempenho da USP no ranking de reputação. “O fato de o Brasil estar em evidência tem contribuído, mas se fosse tão decisivo teria impacto também na reputação de outras universidades brasileiras além da USP”, disse Zago.

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