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Com regras mais rígidas, Capitólio reabre visitação aos cânions

Presença de embarcações com turistas estava suspensa desde janeiro, quando um paredão de rocha despencou e deixou dez mortos

Capitólio: de acordo com as novas regras, todos os dias, antes da abertura para as visitações, o local passará pela análise de um geólogo, que vai verificar indícios de processos erosivos ou movimentos de massa (Leandro Fonseca/Exame)
AO

Agência O Globo

Publicado em 30 de março de 2022 às 19h18.

Última atualização em 30 de março de 2022 às 19h38.

A prefeitura de Capitólio ( MG ) reabriu parcialmente, na manhã desta quarta-feira, a visitação aos cânions da cidade, que agora ocorrerá sob regras mais rígidas para garantir a segurança dos turistas.

A reabertura ocorre cerca de 80 dias após um paredão de rocha despencar e deixar dez mortos. Segundo o decreto publicado no último dia 23, e assinado pelo prefeito Cristiano Gerardão (PP), a visita ao atrativo será permitida de "forma controlada e com redução de fluxo, respeitando limites de distanciamento dos paredões".

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De acordo com as novas regras, todos os dias, antes da abertura para as visitações, o local passará pela análise de um geólogo, que vai verificar indícios de processos erosivos ou movimentos de massa. Além disso, apenas cinco embarcações poderão navegar por vez pelo local. Em caso de chuvas, os passeios deverão ser interrompidos. Outra mudança implementada é o uso obrigatório de capacete e colete salva-vidas a todos os passageiros.

Quem esteve nos cânions pela primeira vez nesta quarta-feira já sentiu a diferença. Dono da FMS, empresa de turismo que atua na região há quatro anos, o empresário Marco Antônio da Silva, de 46 anos, conta que, para entrar no local, passou por dois fiscais da prefeitura e um da Marinha, responsáveis por controlar o acesso das embarcações, conferir os equipamentos de proteção obrigatórios — capacete e colete salva-vidas — e recolher o termo de consentimento das novas regras, assinado por todos os visitantes.

Segundo Silva, a reabertura foi "tranquila", "organizada" e não contou com um fluxo muito alto de embarcações na represa. A entrada na parte principal do passeio, onde é possível ver as duas cachoeiras dos cânions, só foi liberada para uma lancha de cada vez e com um tempo de permanência mais curto do que antigamente.

Imagem capturada em vídeo mostra pessoas sendo arremessadas de lanchas após bloco de rocha desabar e colidir com os barcos que estão no lago dos cânions do Capitólio, em Minas Gerais (EyePress/Reuters)

"É uma entrada rápida, em torno de 5 a 6 minutos só, não tem praticamente parada. Nós vamos só na porta dos cânions, onde dá para ver as duas cachoeiras, mas é possível fazer muitas fotos. Deu para sentir um pouquinho do gosto do que era", disse o empresário, que relatou uma boa receptividade dos turistas às novas regras. "Tudo foi respeitado, não tivemos tumulto, funcionou bem", resume.

Entre os empresários do ramo do turismo, Silva afirma que o clima é de muito otimismo:

"Temos certeza de que vai abrir e vai voltar forte, agora com muito mais protocolos e segurança", relatou. "Já temos turistas que estão voltando para contemplar de novo a natureza. Foi feito tudo no seu tempo certo e com a cautela necessária."

Secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Capitólio, Lucas Arantes afirmou, ao O Globo, que este ainda é um primeiro plano de liberação das visitas:

"Geólogos fizeram estudos aqui e identificaram alguns pontos em que são necessários fazer algum tipo de contenção, de intervenção. Nesses pontos, devemos fazer algumas contenções mecânicas mesmo, ou seja, colocar telas e cabos de aços para fazer a contenção desses blocos [ de rocha, que podem cair com o passar do tempo ]. Com isso, conseguimos liberar outras áreas", explica o secretário. "O cronograma é fazer a visitação dessa forma, depois fazer as contenções e aí, após as contenções, os geólogos vão uma reavaliação para, só depois, criarmos um novo plano de visitação."

Investigação

Em março, a Polícia Civil de Minas Gerais apresentou a conclusão do inquérito sobre a tragédia no Largo de Furnas. A investigação concluiu que não houve interferência humana no acidente, que tratou-se de um evento natural. Nenhum órgão ou indivíduo foi indiciado.

O delegado da cidade de Passos, Marcos Pimenta, que esteve à frente das investigações, afirmou que até foram encontradas algumas irregularidades em empreendimentos no local, mas não ficou comprovado que nenhuma delas têm conexão com a queda da rocha.

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