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Com Nunes, Boulos e Marçal embolados, SP tem cenário eleitoral em aberto

A menos de 10 dias para o dia da votação, programa Eleições 2024 discutiu os cenários em São Paulo

Publicado em 28 de setembro de 2024 às 10h40.

Última atualização em 28 de setembro de 2024 às 10h42.

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As últimas pesquisas eleitorais da corrida pela prefeitura de São Paulo têm mostrado um cenário incerto, com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB) embolados no primeiro pelotão da disputa, avalia Cila Schulman, presidente do instituto de pesquisa Ideia.

"Continua sendo uma eleição aberta", aponta Schulman no programa Eleições 2024 da EXAME.

Segundo os dados do agregador EXAME/IDEIA, Nunes lidera com 24%, Boulos tem 22% na segunda posição e Marçal aparece com 21% em terceiro lugar. Os dados não indicam um cenário claro para o segundo turno.

No entanto, Schulman afirma que a tendência aponta para um segundo turno entre o atual prefeito e o deputado federal, apesar da estabilidade do percentual de votos de Marçal após o incidente da "cadeirada" e sua mudança de postura. A analista sugere que uma disputa entre Nunes e Marçal é improvável.

"É improvável porque Nunes e Marçal buscam o mesmo voto. Marçal sendo um voto mais de extrema-direita, enquanto Nunes representa a centro-direita, como um candidato do centrão. Mas eles competem pelo mesmo espectro de voto", explica.

Em relação a essa disputa entre Marçal e Nunes, Schulman destaca que, mesmo com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao atual prefeito, o influenciador consegue se aproximar mais daquilo que o eleitorado que quer algo diferente pensa, mantendo um percentual considerável, mesmo sendo um candidato sem tempo de TV e apoios partidários.

"O Marçal fez uma jogada inteligente ao rechaçar o Bolsonaro. Não por ser contra as ideias do ex-presidente, mas por manter-se como um candidato antissistema. Se ele tivesse um padrinho político, seria visto como um político tradicional", avalia. "Isso o beneficia entre os eleitores que querem algo completamente diferente, porque, apesar da experiência Bolsonaro, essa parcela da população ainda busca um salvador antissistema."

Foco de Marçal em ser notícia

Schulman acrescenta que Marçal tem feito uma campanha bem-sucedida, apesar de ainda não ter furado a bolha de eleitores mais conservadores, de alta renda e homens.

A analista observa que o candidato do PRTB tem buscado focar em grupos específicos, como o eleitorado feminino, onde enfrenta uma rejeição superior a 50% no último Datafolha.

"Marçal se dedicou ao voto das mulheres durante toda a semana, e isso não se deve apenas à sua mudança de postura nos debates. O investimento dele nas redes sociais, que são seu principal meio de comunicação, foi amplamente focado nas mulheres", destaca.

Outro movimento do ex-coach, apontado pela presidente do Ideia, foi o anúncio dos nomes de Marcos Cintra, ex-secretário de Gilberto Kassab, e Wilson Pollara, ex-secretário de João Doria, como possíveis secretários em um eventual governo.

"Ele começou a indicar possíveis secretários, escolhendo pessoas da política tradicional que foram secretários de nomes da direita. Com isso, ele continua sendo notícia. A campanha de São Paulo está focada em Pablo Marçal, mesmo se ele não for para o segundo turno", afirma.

Nunes e a necessidade de se destacar como prefeito

Schulman aponta que uma das dificuldades de Nunes nas últimas semanas tem sido a falta de destaque como atual prefeito em relação aos outros candidatos.

"Ele tem se igualado aos outros e, em alguns casos, partido para o ataque. Isso acaba contribuindo para a confusão. Em geral, quando você vê o incumbente, ele costuma ser um ponto de diferença por estar no cargo", explica.

Schulman lembra que, durante o debate no Flow, Nunes foi provocado no início e no final por Marçal, sempre reagindo com discussões acaloradas. No meio desse clima bélico, Nahuel Medina, assessor de Marçal, deu um soco em Duda Lima, marqueteiro de Nunes, que precisou levar pontos no supercílio após sair sangrando do local.

"E nos debates, Nunes tem dificuldade em se diferenciar. A briga começou porque Duda Lima [da equipe de Nunes] estava gesticulando para o prefeito não reagir ao Marçal. O outro lado entendeu que o marqueteiro estava enviando sinais e códigos, o que iniciou a confusão", afirma.

Boulos administra e guarda artilharia para o 2º turno

A presidente do Ideia aponta que Boulos, o único candidato competitivo da esquerda no momento, parece estar administrando o primeiro turno, confiante em sua margem de segurança para alcançar o segundo turno.

"Ele está, inclusive, economizando recursos. A ideia parece ser levar suas propostas, novidades, e a artilharia pesada com figuras como Marta Suplicy e Lula para o segundo turno", analisa.

Schulman acredita que esse cenário é possível para o candidato do PSOL, enquanto Nunes e Marçal disputam o eleitorado de direita. Nesse meio-tempo, Boulos busca suavizar sua imagem para atrair os eleitores da deputada Tabata Amaral (PSB) e do apresentador José Luiz Datena (PSDB).

"Esta semana, ele criticou Maduro. Boulos está se reposicionando para atrair votos moderados no segundo turno. Está passando por um rebranding, usando até o humor para diminuir sua rejeição", diz a presidente do Ideia.

Eleições pelo Brasil

O programa também discutiu os próximos passos de outros candidatos na disputa e falou sobre a corrida eleitoral em Fortaleza, onde o atual prefeito enfrenta dificuldades para decolar, e em Porto Alegre, que aponta para uma recuperação do incumbente e uma possível virada em relação a quem vai para o segundo turno no campo progressista.

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