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Com maior índice em 3 anos, latrocínio preocupa polícia de SP

Não se viam indicadores tão altos de roubo seguido de morte no primeiro semestre, com 237 ocorrências, desde 2003

Segundo o Anuário de Segurança Pública, São Paulo teve o maior número de latrocínios do País em 2016 (iStock/Thinkstock)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de outubro de 2017 às 11h41.

São Paulo - O latrocínio voltou a preocupar a polícia de São Paulo em 2017. Não se viam indicadores tão altos no primeiro semestre, com 237 ocorrências, desde 2003.

Isso alertou a Secretaria da Segurança Pública (SSP), que conseguiu reduzir crimes do tipo nos últimos três meses. Ainda assim, o total de latrocínios entre janeiro e setembro (266) é maior do que no mesmo período do ano passado e de 2015.

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Segundo o Anuário de Segurança Pública, São Paulo teve o maior número de latrocínios do País em 2016. O Estado, porém, é o mais populoso, com 45 milhões de pessoas, fazendo com que a taxa por 100 mil habitantes seja de 0,8, a terceira menor.

Pesquisa do Instituto Sou da Paz com todos os registros de latrocínio de 2016 mostraram características das vítimas. Dois aspectos chamam a atenção: 20% delas eram idosas, e metade morreu em assaltos a residência. Outros 20% eram agentes de segurança, como policiais. Por andarem armados a maior parte do tempo e terem propensão a reagir a roubos, eles acabam sendo alvos.

Mensagem de voz. O cabo da PM Hiata Anderson, de 38 anos, estava de folga em 25 de novembro de 2016, seu aniversário de casamento. Como sempre fazia nessa data, saiu cedinho de casa para comprar flores para a auxiliar administrativo Lucinéia Gonçalves, de 42.

Era uma sexta-feira. Por volta das 11h45, ele leu o parabéns enviado pela mulher e respondeu com uma mensagem de voz no Whatsapp. "Obrigado você, por me aguentar por 16 anos! A gente se vê mais tarde", disse, minutos antes de ser morto em um assalto.

"Foi a última vez que ouvi a voz dele. Pelo que dizem, foi abordado naquele momento", conta Lucinéia que, em seguida, pede desculpa por não conseguir falar da perda sem se emocionar. "Ele saiu de manhã, avisando para eu me preparar porque a gente ia jantar fora' ", diz. "Fiquei sabendo do que aconteceu pelo Facebook. Tinha uma foto dele caído na rua, com o celular do lado."

O cabo Hiata passava de motocicleta em um cruzamento de ruas em São Caetano, na Grande São Paulo, quando dois criminosos, também em uma moto, o surpreenderam.

"Sem reagir! Sem reagir!", teriam dito os bandidos. O policial, porém, tentou se defender, segundo a viúva. Os bandidos atiraram. Depois, a dupla fugiu sem levar o veículo, o celular e a carteira, que permaneceu no bolso da vítima.

Demitida cerca de 5 meses antes do crime, Lucinéia recebia auxílio-desemprego na época. Além da mulher, o cabo Hiata deixou duas filhas - a mais velha de 16 anos; a mais nova, de 6. "A falta que ele faz é muito grande. As meninas sempre falam do pai, que sentem o cheiro dele' Elas passam por psicólogo", afirma a mãe. "Agora, vai fazer um ano: a gente já fica fragilizada de novo."

Desde o crime, Lucinéia não conseguiu emprego porque precisa cuidar das filhas. "Graças a Deus, o pessoal do batalhão ajudou muito", conta.

Combate

A SSP disse desenvolver políticas para combater os crimes contra o patrimônio. Em setembro, a redução de latrocínios foi de 65%, destaca a pasta, em comparação com o mesmo mês do ano passado.

"O trabalho tem sido intensificado com operações para reforçar o patrulhamento das unidades territoriais. Nos nove meses deste ano as polícias paulistas prenderam 40 pessoas em flagrante e 163 por mandados judiciais, todas envolvidas em latrocínios", diz a secretaria.

A SSP diz que o caso do policial é investigado pelo 1º DP de São Caetano. Na ocasião, um dos autores foi baleado e morreu. "As investigações prosseguem visando identificar e prender o segundo suspeito."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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