Com Bolsonaro nos EUA, Mourão e Maia assumem a presidência
Vice-presidente e presidente da Câmara assumem comando com segunda viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos em dois meses
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2019 às 06h58.
Última atualização em 15 de maio de 2019 às 07h04.
Numa quarta-feira de tensão para o governo, com o ministro da Educação convocado a se explicar na Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro chega a Dallas, no Texas, para sua segunda visita aos Estados Unidos em dois meses. Com a viagem, o Brasil terá dois presidentes interinos em dois dias. Nesta quarta-feira, assume o vice, Hamilton Mourão . Amanhã, Mourão embarca para a China, e o país será comandado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) .
Nas últimas semanas Maia se envolveu em uma série de discussões sobre os rumos da reforma da Previdência, com críticas da atuação de Bolsonaro e de seus aliados. Mourão, por sua vez, é um dos principais alvos do guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho.
Na primeira viagem aos EUA, Bolsonaro encontrou Donald Trump e comemorou articulações para a entrada do Brasil na OCDE, o clube de países ricos, que mais tarde se mostraram um tiro na água. Agora, chega ao Texas após ter cancelado participação num jantar em Nova York em que receberia o prêmio Personalidade do Ano, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Com oposição à visita até do prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, Bolsonaro decidiu visitar um estado tradicionalmente republicado e conservador.
O jantar em Nova York, aconteceu ontem, e contou com a presença do presidente do senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Rodrigo Maia estava na cidade mas não foi ao evento, e voltou ainda ontem ao Brasil. Em Dallas, no Texas, Bolsonaro deve participar de um almoço em que será homenageado pelo World Affairs Councils of Dallas e encontrará ainda o ex-presidente George W. Bush.
Nos Estados Unidos, Bolsonaro deve ser questionado sobre as questões internacionais que têm se mostrado as mais relevantes da agenda de seu governo. A principal é o papel do Brasil na crise venezuelana. Nesta terça-feira, um novo tema veio à tona, com a declaração de seu filho Eduardo sobre armas nucleares. Eduardo, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, defendeu ontem que o Brasil tenha armas nucleares para “ser levado mais a sério”. Em nova viagem internacional, Bolsonaro tem a chance de fazer o país ser levado a sério na defesa de pautas historicamente caras à sua diplomacia, e não por reiteradas bombas — de fumaça — que vem pautando sua política internacional.