Ciência e austeridade: Temer em rota de colisão
ÀS SETE - Apesar dos cortes em ciência, o presidente visita o Projeto Sirius, planejado para ser a maior e mais complexa infraestrutura científica do país
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 06h30.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2018 às 07h27.
De volta do Carnaval na Bahia, o presidente Michel Temer viaja nesta quinta-feira a Campinas (SP). Ele visita as instalações do Projeto Sirius, o acelerador de partículas brasileiro, planejado para ser uma das melhores fontes do mundo de luz síncrotron, usada para estudar a estrutura molecular de diversos tipos de materiais, ajudando nas pesquisas de áreas como ciência dos materiais, nanotecnologia, biotecnologia, física.
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O Sirius é um projeto com aproximadamente 85% de seus componentes desenvolvidos totalmente no Brasil e planejado para ser a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no país, e uma das primeiras fontes de luz síncrotron de quarta geração do mundo.
Temer visita a fase final das obras do projeto, que se iniciaram em 2013, com a aquisição de uma área de 150.000 m² dentro do Polo II de Alta Tecnologia de Campinas e incluiu a construção do prédio, do acelerador e de 13 linhas de luz.
Com um custo total de 1,8 bilhão de reais, o projeto deve entrar em pleno funcionamento até 2020, com o primeiro feixe de elétrons entrando em operação ainda em 2018. Caso, claro, não haja outro corte de recursos por parte do governo federal.
O ministério de Ciência e Tecnologia, que foi fundido ao de Comunicações quando Temer assumiu o governo em 2016, teve um encolhimento no orçamento total de 21,25% em 2017 e 2018.
No ano passado, a verba para investimentos da pasta caiu 46,9% — era de 1 bilhão de reais e, para este ano, o previsto é 549,3 milhões de reais.
No Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão de fomento à pesquisa científica no Brasil, o corte de verbas para 2018 foi de 17,57%, com 1,4 bilhão de reais previstos para este ano, ante 1,7 bilhão no ano passado.
“Nós temos um ministério especial nesta área, que é o Ministério da Ciência e Tecnologia, para o qual, naturalmente, nós destinamos a nossa atenção”, disse Temer durante o Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Em Campinas, deve-se ouvir algo parecido. Temer precisa de pautas positivas, e o acelerador de partículas é um caso raro em que o Brasil olha para a frente.
EXAME acompanhará o projeto para se certificar de que os discursos não colidam com a realidade nos próximos meses.