Brasil

Cidades do litoral de SP podem bloquear estradas no feriado

Prefeitos alegam que feriadão coloca em risco o isolamento social nas cidades litorâneas; casos de coronavírus aumentaram nos municípios depois de feriados

SP: "Não podemos jogar fora, em três ou quatro dias, todo o trabalho que fizemos nestes dois meses", disse o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior (MDB) (gustavofrazao/Reprodução)

SP: "Não podemos jogar fora, em três ou quatro dias, todo o trabalho que fizemos nestes dois meses", disse o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior (MDB) (gustavofrazao/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2020 às 17h03.

Última atualização em 19 de maio de 2020 às 17h12.

Prefeitos do litoral paulista estão recorrendo à Justiça para bloquear o acesso de turistas às praias durante o feriadão prolongado em São Paulo. Eles alegam que a antecipação dos feriados já decretada pelo prefeito da capital, Bruno Covas, e também pretendida pelo governador João Doria, coloca em risco o isolamento social conseguido "às duras penas" pelas cidades da região. Duas das cidades - São Sebastião e Ubatuba - estão entre as que mais observam o isolamento social no Estado.

Na capital paulista, decreto assinado na manhã desta terça-feira 19, por Bruno Covas antecipa os feriados de Corpus Christi e da Consciência Negra para esta semana, visando aumentar o isolamento social e reduzir o avanço da covid-19. A extensão do feriado ao restante do Estado depende de votação na Assembleia Legislativa. A medida anteciparia os feriados de Corpus Christi e da Consciência Negra para esta quarta, 20, e quinta-feira, 21, respectivamente, e o feriado da Revolução de 32 para a próxima segunda-feira, 25.

O prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), informou que o pedido de bloqueios foi apresentado à Justiça na manhã desta terça-feira. "Pedimos o apoio da Polícia Rodoviária para fechar a rodovia Rio-Santos nas divisas com Bertioga e com Caraguatatuba. Estamos mostrando que esses feriados trazem um impacto grave, pois as 14 milhões de pessoas da capital não vão ficar em casa. Toda vez que teve feriado, tivemos um aumento de 30% nos casos de coronavírus no município. São 100 mil veranistas que entram, além dos 45 mil que já estão aqui", disse.

Antes de falar com a reportagem, o prefeito usou uma rede social para contestar a proposta, que chamou de "sacanagem". "Vai ficar todo mundo em São Paulo, com sol no fim de semana? Vai dizer pra mim que vai ficar lá em São Paulo, na janela do apartamento olhando para o Parque Ibirapuera? É brincadeira, né? Vai vir todo mundo para cá", disse, em vídeo.

Ao Estadão, ele afirmou que, se não tiver sucesso no fechamento da rodovia, será obrigado a liberar as praias para os 500 ambulantes locais que estão com alvarás suspensos. "É uma falta de respeito absurdo. Ficamos aqui com toda a fiscalização correndo para fechar as praias, aí vira feriado lá e vem todo mundo para cá. É brincadeira!", desabafou.

O prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior (MDB), informou que também deve pedir autorização à Justiça para fechar os acessos. "Não podemos jogar fora, em três ou quatro dias, todo o trabalho que fizemos nestes dois meses. Se a situação hoje está controlada, com apenas dez leitos de UTI ocupados, é porque conseguimos manter o isolamento. Já conversamos com o Estado e precisamos de apoio agora. A capital está pensando nela, o que é certo, mas temos que garantir a saúde do nosso pessoal aqui. Não queremos chegar ao extremo de ter que abrir as praias em plena pandemia", ressaltou.

Os nove municípios da Baixada Santista, no litoral sul, definiram que não vão aderir aos feriados antecipados. Em teleconferência realizada na manhã desta terça, eles aprovaram um pedido de ajuda ao governo estadual para impedir a entrada de turistas nesse trecho do litoral. O plano é retomar os bloqueios nos acessos.

"Antecipar os feriados será estimular a vinda de turistas para a Baixada. Vamos endurecer as medidas para impedir que venham, desta vez com o apoio do Estado", disse o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb).

Segundo ele, o governo estadual se comprometeu a realizar medidas restritivas no Sistema Anchieta-Imigrantes para desestimular a viagem de turistas da região metropolitana de São Paulo para a Baixada Santista. A região é a mais afetada pela covid-19, depois da capital.

De acordo com Barbosa, independentemente de possíveis bloqueios no Sistema Anchieta-Imigrantes, principal acesso à região, cada cidade da Baixada fará bloqueios sanitários em seus acessos. "Temos que evitar as pessoas cheguem. Quarentena não é férias, as pessoas têm que ficar em casa".

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusPraiassao-paulo

Mais de Brasil

Quem é Luiz Galeazzi, empresário morto em queda de avião em Gramado

Em SP, 65.000 seguem sem luz e previsão é de chuva para a tarde deste domingo

Sobe para 41 número de mortos em acidente em Minas Gerais

Luiz Galeazzi e família morrem em queda de avião em Gramado