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China busca construir ferrovias no Brasil para commodities

Acordos que a China irá assinar com o Brasil concentram-se na melhoria da infraestrutura para garantir que as matérias-primas cheguem aos portos


	Vagões de um trem são visto na ferrovia Transnordestina, próximo da cidade de Salgueiro
 (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Vagões de um trem são visto na ferrovia Transnordestina, próximo da cidade de Salgueiro (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2014 às 19h19.

Brasília - Na esteira da visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, o país sul-americano espera fortalecer os laços com seu maior parceiro comercial e levá-los além da troca de commodities para os bens manufaturados, mas isso pode não ser mais que um sonho.

Os acordos que a China irá assinar com o Brasil quando Xi se reunir com a presidente Dilma Rousseff, na quinta-feira, concentram-se na melhoria da infraestrutura para garantir que as matérias-primas pelas quais a China anseia cheguem aos portos, e as ferrovias são uma prioridade absoluta.

As autoridades brasileiras estão pintando a visita de Estado de Xi como um marco no aprofundamento da parceria estratégica que irá direcionar investimentos chineses à indústria manufatureira do Brasil.

O comércio entre os dois países aumentou de 3,2 bilhões de dólares em 2002 para 83,3 bilhões de dólares no ano passado --minério de ferro, soja e petróleo são a maior parte das exportações brasileiras.

Os chineses vêm prometendo investimentos há anos e em vão. Três anos após anunciar planos de investir dois bilhões de dólares em uma usina de processamento de soja em um grande centro de armazenamento no oeste da Bahia, o Chongqing Grain Group Corp só terraplenou um campo de 100 hectares.

Foram poucas as história de sucesso nos poucos investimentos concretizados. A Dongfeng Motor Corporation, uma das maiores montadoras de veículos da China, engavetou um plano para construir uma fábrica de caminhões de um bilhão de reais no Brasil depois de uma desavença com seu parceiro local.

Analistas dizem que os chineses não estão interessados em investir em manufaturas na América Latina, especialmente no Brasil, onde os encargos trabalhistas são altos e os entraves burocráticos são muitos.

"Os brasileiros têm que entender que o Brasil não é terrivelmente atraente", afirmou Riordan Roett, diretor para o hemisfério ocidental da Escola de Estudos Internacionais Avançados Johns Hopkins, em Washington. "Não há crescimento no crédito e o governo não cumpriu as promessas de melhoria da infraestrutura. Os chineses estão muito cientes disso." A menos que o Brasil possa se tornar mais competitivo, o investimento chinês irá para países asiáticos, ou àqueles da florescente aliança do Pacífico, como o México, disse Roett.

Autoridades brasileiras afirmam que a China quer firmar parcerias para construir ferrovias para transportar grãos e minerais para portos brasileiros.

Entre os projetos em estudo estão ferrovias para os portos de Ilhéus, na Bahia, e Itaqui, no Maranhão, que estão mais próximos do Canal do Panamá e reduziriam os custos de transporte.

A China também está interessada em estudar uma ferrovia através dos Andes até a costa do Pacífico no Peru, que poderia encurtar a rota de comércio significativamente, declarou uma autoridade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

As autoridades brasileiras não esperam progressos durante a visita de Xi no tocante ao impasse na recusa chinesa de permitir que grandes navios de transporte de minério de ferro usados pela Vale usem portos chineses, forçando a mineradora a transferir carregamentos de portos nas Filipinas e na Malásia e aumentando seus gastos.

Os esforços do Brasil para fabricar manufaturados na China também enfrentaram problemas. A China não aprovou a intenção da Marcopolo, maior fabricante brasileira de ônibus, de construir uma fábrica ou planos da fabricante de aviões Embraer de modernizar uma unidade em Harbin para construir os aviões E-190.

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