Chapa de Lula e Alckmin defende voto útil; Janones admite desistir
Na convenção nacional do PSB, realizada em Brasília, a chapa reforçou o discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e Alckmin tratou Lula como "a alternativa mais viável"
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de julho de 2022 às 10h49.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) foi oficializado nesta sexta-feira, 29, como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na convenção nacional do PSB, realizada em Brasília, a chapa reforçou o discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e Alckmin tratou Lula como "a alternativa mais viável". A retórica coincide com a ofensiva do petista para tentar atrair outros apoios para ampliar seu palanque e as chances de vencer no 1.º turno.
Lula conversou com o deputadoAndré Janones(MG), que, ao Estadão, admitiu que poderá desistir da candidatura ao Planalto pelo Avante para apoiar o petista. Em outra frente, o PT intensificou as articulações com Luciano Bivar. O pré-candidato do União Brasil indicou a aliados ter já abandonado a disputa presidencial.
Janones - que aparece com 1% das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha - foi explícito ao afirmar que deve apoiar Lula no primeiro turno caso ele encampe propostas como a de que o Auxílio Brasil tenha caráter permanente no valor de R$ 600.
"Tenho total consciência do meu tamanho do ponto de vista eleitoral, que é micro: um ou dois pontos (nas pesquisas). Mas ao mesmo tempo tenho noção do que simbolismo da minha candidatura nessas eleições. Vai ser uma negociação dura, mas não no sentido do toma lá, dá cá. No sentido de o ex-presidente encampar as minhas propostas", disse.
A campanha petista se movimenta para diminuir o número de concorrentes na corrida ao Planalto, o que pode favorecer Lula, líder nas pesquisas. O ex-presidente alcança 47% das intenções de voto, segundo o Datafolha. O senador Jaques Wagner (PT-BA) confirmou que a campanha negocia um apoio de Bivar, presidente do União Brasil. Ontem, aliados de Bivar em São Paulo informaram ao PSDB que o deputado não deve mesmo disputar à Presidência, mas disseram que o acordo para apoiar a reeleição de Rodrigo Garcia ao governo está mantido.
A manutenção da aliança no Estado foi tratada em um almoço ontem com Garcia, o vereador Milton Leite (União Brasil), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi.
Em um sinal que abandonou o projeto nacional, Bivar dispensou a assessoria de imprensa da campanha, abandonou as agendas de pré-candidato nos últimos dias e se concentrou nas negociações com petistas e dirigentes do União Brasil no Recife, sua base eleitoral.
As conversas do PT com Bivar, porém, esbarram no cenário eleitoral da Bahia. O candidato do União Brasil ao governo, ACM Neto, exige que o PT abra mão da candidatura de Jerônimo Rodrigues, nome apoiado por Wagner.
A convenção partidária do União Brasil está marcada para a próxima sexta-feira, 5. Mas interlocutores de Bivar em Pernambuco afirmam que ele sinaliza desistência da pré-candidatura em nome de um possível acordo com o PT e a reeleição para a Câmara - Casa Legislativa que o deputado pernambucano tem a intenção de presidir caso consiga o apoio da futura bancada petista.
Na capital federal, coube ao ex-tucano Alckmin deixar claro a retórica do voto útil no petista. "Quero falar com os brasileiros que ainda relutam a admitir que Lula pode ser e com a força de todos nós certamente será a alternativa mais viável para fazer o Brasil um país melhor, o país que queremos, o país que merecemos. Eu quero dizer a esses brasileiros: Bolsonaro falhou com vocês, mas nós estamos do seu lado", afirmou no evento no qual o PSB aprovou por unanimidade a aliança com o PT.
Em sua fala, Lula tentou fez referência aos militares e disse que as Forças Armadas são tratadas como "objeto" por Bolsonaro. "Nunca tive nenhum problema com as Forças Armadas porque elas têm suas funções estabelecidas na Constituição. As Forças Armadas nunca perguntam para que nem o porquê da decisão de um presidente. Eles cumprem", disse. "É preciso uma relação em que cada um cumpra sua função e não ter um presidente que trata as Forças Armadas como objeto."
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