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Centrão fecha com Alckmin, mas "dever de casa" precisa ser feito

Decisão do blocão de apoiar Alckmin aconteceu depois de uma reunião de lideranças deste grupo com o presidenciável tucano na quinta-feira

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Líderes dos partidos do chamado blocão - grupo formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade - decidiram fechar apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (Paulo Whitaker/Reuters)

Líderes dos partidos do chamado blocão - grupo formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade - decidiram fechar apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de julho de 2018, 12h04.

Brasília - Líderes dos partidos do chamado blocão - grupo formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade - decidiram fechar apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, mas a formalização do apoio depende ainda do "dever de casa" a ser feito pelas partes, disse à Reuters um presidente de uma sigla do grupo.

"Fechado, desde que os deveres de casa sejam feitos", disse esse presidente de partido à Reuters nesta sexta-feira, referindo-se à necessidade de acerto de palanques regionais. Ele acrescentou que o anúncio oficial deverá ser feito na quinta-feira da próxima semana.

De acordo com esta fonte, que pediu para não ter seu nome revelado, o acerto inclui o compromisso de Alckmin de, se eleito no pleito de outubro, buscar uma solução para o financiamento de sindicatos, após a extinção do imposto sindical na reforma trabalhista. A demanda atende ao Solidariedade, partido presidido pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical.

Ficou combinado, ainda de acordo com essa fonte, que o acordo incluirá a reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara dos Deputados em 2019. Maia lançou sua pré-candidatura ao Planalto, mas já desistiu da postulação, apesar de ainda não ter anunciado publicamente.

A decisão do blocão de apoiar Alckmin aconteceu depois de uma reunião de lideranças deste grupo de partidos com o presidenciável tucano na quinta-feira, em São Paulo, e implica em uma reviravolta na corrida presidencial, já que as siglas do blocão vinham pendendo para um apoio ao pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.

Uma contraofensiva de Alckmin e de interlocutores ligados a ele, somado à entrada do PR na negociação, mudou o jogo, depois que a cúpula do PDT e até mesmo lideranças do blocão admitirem que estava praticamente certo um acordo com Ciro. Uma sucessão de atitudes do próprio presidenciável pedetista contribuiu para uma mudança de humor nesse xadrez.

Alckmin desmarcou uma agenda de pré-campanha no interior de Minas Gerais na quinta para permanecer em São Paulo e intensificar as tratativas para atrair o blocão para sua candidatura. O tucano será formalizado candidato do PSDB à Presidência na eleição de outubro na convenção do partido,marcada para 4 de agosto em Brasília.

O secretário-geral do PSDB, deputado federal Marcus Pestana(MG), afirmou à Reuters na quinta-feira que a negociação para fechar a aliança com o blocão estava indo bem, mas que havia questões pontuais que estavam sendo conduzidas por Alckmin pessoalmente.

"Nós temos que respeitar o tempo dos potenciais aliados. Nós temos mais afinidades, e o Ciro Gomes ajuda a realçar isso.Quando ele mostra o apreço que ele tem pelo Ministério Público,quando ele trata da questão da Boeing com a Embraer, facilita bastante o nosso trabalho", disse Pestana (MG), que enfatizou que um anúncio caberá aos partidos do blocão.

Outras lideranças do grupo de legendas já haviam afirmado à Reuters na quinta que o acerto com o pré-candidato do PSDB estava mais perto.Uma dessas lideranças, quando indagada sobre o motivo que levou o blocão a voltar-se a Alckmin, disse apenas que o "juízo"tem pesado em favor do tucano.

Nesta semana, Ciro voltou a criar polêmica ao xingar uma promotora, sem saber tratar-se de uma mulher, que pediu abertura de inquérito contra ele por injúria racial, após o pedetista chamar o vereador paulistano Fernando Holiday de "capitãozinho do mato".

Também gerou controvérsia ao divulgar uma carta enviada às lideranças das fabricantes de aviões Boeing e Embraer solicitando que seja desfeito um acordo de parceria entre as companhias. O governo brasileiro tem uma "golden share"na Embraer que lhe dá poder de veto sobre decisões da companhia.

Reuniões

Na quarta-feira à noite, dirigentes do grupo, em encontro que contou com a presença do cacique do PR, Valdemar Costa Neto, definiram que vão tomar uma posição conjunta na sucessão presidencial e ofereceram o nome do empresário Josué Gomes,filiado ao PR, para ser candidato a vice.

Dirigentes do blocão voltaram a se reunir na manhã e início da tarde de quinta em Brasília e divulgaram uma nota em que afirmam que o momento é de "ponderar, em conjunto, o melhor caminho do Brasil" e que uma decisão comum será anunciada na semana que vem.

Por ora, Alckmin só tem o apoio formal do PTB, o primeiro partido a anunciar uma aliança presidencial para outubro. O tucano tem ainda promessas de acordo com o PSD e o PPS e, se emplacar um acerto com o blocão, poderá ter um bom tempo da propaganda eleitoral de rádio e TV - tradicionalmente um dos principais trunfos para a disputa presidencial.

Já o PDT, que realiza convenção nesta sexta-feira para oficializar a candidatura de Ciro, não fechou aliança formal com qualquer partido até agora.Eufórico dias atrás com o possível acordo com o blocão, o presidente do PDT, Carlos Lupi, minimizou, ainda na quinta, o impacto de não ter o apoio do grupo, após a reunião de Alckmin com líderes do blocão.

"Qual o prejuízo de perder aquilo que nunca tivemos? Não vamos ficar isolados. Vamos dar tempo ao tempo", disse, em entrevista na noite de quinta-feira na sede do PDT em Brasília.

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