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Censo 2022: IBGE adia término da operação para janeiro do ano que vem

Falta de recenseadores e recusa de moradores, principalmente no estrato de renda mais alta, dificultam coleta dos dados

Do início da operação no dia 1º de agosto até o dia 5 de dezembro, aproximadamente 80% da população foi recenseada, segundo o instituto (LightRocket/Getty Images)
AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de dezembro de 2022 às 17h41.

Última atualização em 6 de dezembro de 2022 às 17h59.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira que não conseguirá concluir o Censo Demográfico 2022 este ano. Nas ruas desde o dia 1º de agosto, a pesquisa — que estava prevista para terminar em dezembro — foi estendida até janeiro de 2023. Com isso, parte dos recursos já está sendo movida para o ano que vem e novas estratégias estão sendo desenhadas para a conclusão da pesquisa.

As duas principais dificuldades enfrentadas pelo instituto são a falta de recenseadores e a recusa de moradores em responder à pesquisa, com destaque para estratos de renda mais alta e inclusive autoridades, informou o IBGE.

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Do início da operação no dia 1º de agosto até o dia 5 de dezembro, aproximadamente 80% da população foi recenseada, segundo o instituto. No Censo anterior, em 2010, toda a população já estava contabilizada até esta data.

"Estamos com 80% do Censo concluído. Temos a expectativa de ter mais 10% do Censo concluído até o dia 20. Mas há cidades em que a dificuldade para contratar recenseadores foi grande a ponto da gente não conseguir fechar e vamos ter que estender", explicou Cimar Azeredo, diretor de pesquisa do IBGE.

Aumento da taxa de recusa preocupa

Segundo o diretor da pesquisa, Sergipe e Piauí já finalizaram a primeira etapa da coleta, que é quando se percorre o território do estado. Mas há outros estados que, além de não terem completado a etapa, preocupam pelo baixo índice de cobertura — como é o caso do Mato Grosso, em que menos de 80% da população foi recenseada:

"Pedimos às pessoas para abrir as portas para o IBGE porque é junto com a sociedade que a gente constrói o Censo", ressaltou Cimar Azeredo, que reafirmou a segurança e expertise do IBGE com relação às informações coletadas.

A taxa de recusa subiu de 2,33% para 2,59%, desde o balanço realizado no final de outubro, para o balanço do dia 5 deste mês. Há estados, porém, com uma recusa superior e que gera um alerta ainda maior. São Paulo, o mais populoso do país, está com uma taxa de quase 5%.

"[ Na média ] Ainda é um valor aceitável, mas queremos diminuir isso. Há todo um esforço possível para sensibilizar a população. É seguro responder o Censo e é um exercício de cidadania", frisou Luciano Tavares Duarte, gerente técnico da pesquisa.

Outro desafio é a atração de mais recenseadores para a coleta dos dados. Atualmente, há 82.153 contratados. Destes, 60.111 estão efetivamente produzindo — o que representa um terço (33,1%) do total de vagas disponíveis.

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Corrida contra o tempo

O instituto, agora, corre para conseguir entregar o máximo de dados possíveis para o Tribunal de Contas da União (TCU) até o dia 26 de dezembro. Isso porque as informações coletadas sobre o número de habitantes nos municípios balizam a distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Por isso, o IBGE informou que está priorizando a divulgação dos resultados dos municípios com 170 mil habitantes para que não haja impacto nos repasses, uma vez que a última faixa populacional fixada pelo FPM é de 156 mil habitantes.

Segundo Claudio Stenner, diretor de geociências do IBGE, os municípios com cerca de 170 mil habitantes estão hoje com cerca de 84% da população recenseada.

Outra iniciativa adotada pelo IBGE é a de transferências de recenseadores de uma região para outra para cobrir a falta de mão de obra. Já houve migração de profissionais do Maranhão para o Pará, e o IBGE já está com lista de recenseadores que aceitaram realizar esse movimento em Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte.

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