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Cemitérios realizam 95 enterros de mortos em boate no RS

Enterros foram realizados de 30 em 30 minutos, mobilizando funcionários e voluntários em cemitérios

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2013 às 18h57.

Santa Maria - Depois de uma madrugada velando os corpos das vítimas do incêndio da boate Kiss, familiares tiveram que aguardar para enterrar seus mortos na cidade de Santa Maria, onde 231 pessoas morreram no incêndio de uma boate na madrugada de domingo.

Os cemitérios organizaram enterros de 30 em 30 minutos e tiveram que escalar funcionários de férias e até voluntários para ajudar na tarefa de conseguir atender as famílias. Até o meio da tarde desta segunda-feira, 95 vítimas do incêndio já haviam sido enterradas. Outras vítimas foram veladas e enterradas em outras cidades gaúchas e em outros Estados.

Além dos mortos, o incêndio da madrugada de domingo deixou outras 83 pessoas internadas, sendo 75 em estado grave e respirando com ajuda de aparelho.

Já passavam das 15 horas quando a família das irmãs Patrícia e Greici Bairro, de 30 e 18 anos, mortas no incêndio, conseguiu realizar o enterro no Cemitério Nova Santa Rita. As duas estavam na boate acompanhadas de Vancercok Marques Lara Júnior, marido de Patrícia, e de Hélio Trentin Júnior, namorado de Greici. Os quatro morreram na tragédia.

Os pais das jovens, que moram na cidade de Manoel Viana, a cerca de 200 quilômetros de Santa Maria, chegaram na tarde de domingo na esperança de encontrarem as filhas com vida.

"Ele (pai) encontrou o corpo de Patrícia e do Júnior juntos, a Greici estava um pouco mais longe. Não sei como ele aguentou", disse o primo das vítimas Norberto Tatsch Bairro, que chegou na manhã desta segunda em Santa Maria, depois de passar a noite no velório de outras vítimas da tragédia em Manoel Viana.


Greici havia passado no vestibular para o curso de Engenharia Ambiental de uma universidade local e começaria as aulas no próximo mês. Ela decidiu morar em Santa Maria por causa da irmã, que trabalhava como secretária na Universidade Federal de Santa Maria e estava casada havia 10 anos com Vandercok, vigilante na mesma universidade. Eles deixam um filho de seis anos, que não chegou a ser levado ao enterro.

"Sabe como é tragédia, começa com boatos...Ouvimos que elas estavam em um hospital, bem queimadas. Ficamos cheios de esperança", relatou Norberto.

O pai das jovens, Homero, estava desolado durante o enterro e chegou a ser contido para não se jogar sobre os caixões, enterrados lado a lado. Distante menos de dois metros, era enterrado Vandercok. Ao final da cerimônia, as duas famílias se abraçaram e choraram.

NOITE EM CLARO

A madrugada foi de muita tristeza no Centro Desportivo Municipal de Santa Maria, onde pelo menos 20 dos mortos foram velados desde o início da noite de domingo. Os últimos corpos deixaram o local no fim da tarde de segunda.

Por volta das 15h, chegaram ao local os familiares da última vítima a ser identificada, uma jovem do Mato Grosso.


O velório coletivo começou pouco antes das 19h de domingo, quando foram liberados os últimos corpos, reunidos para identificação no centro desportivo. Muitas vítimas foram veladas em outras capelas em Santa Maria, cidade de cerca de 260 mil habitantes a 300 quilômetros da capital Porto Alegre, e em cidades vizinhas. Outros foram levados para diferentes partes do Rio Grande do Sul e até outros Estados.

Os caixões no Centro Desportivo estavam cobertos por bandeiras de times de futebol, do Brasil, e com fotos e bichos de pelúcia das vítimas, em sua grande maioria jovens universitários. A principal causa das mortes foi asfixia devido à fumaça tóxica que tomou conta da boate, durante o show de uma banda em que foi usado sinalizador. Faíscas do artefato pirotécnico atingiram o teto, iniciando o fogo, segundo autoridades.

Mais de 100 voluntários passaram a madrugada no local, auxiliando as famílias com apoio psicológico, distribuindo água e alimentos.

Uma caminhada pacífica está marcada para acontecer na noite desta segunda-feira no centro da cidade.

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