Teste pode reduzir os custos de planos de saúde e do SUS. (Siam Pukkato / EyeEm/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 17 de outubro de 2020 às 11h10.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu uma consulta pública neste mês de outubro para atualizar e incluir novos procedimentos com cobertura dos planos. Um deles que está em discussão é um teste genético que promete reduzir a possibilidade de indicação de quimioterapia em estágios iniciais do câncer de mama. Alguns planos já têm a cobertura, mas ainda não é ampla. A consulta fica aberta até o dia 21 de novembro.
O exame, desenvolvido pela Exact Sciences, é capaz de avaliar qual a predisposição genética da recorrência da doença nos próximos 10 anos. Com esta informação, o médico pode decidir se o tratamento de quimioterapia é o mais indicado para a paciente.
Um estudo feito no Brasil com 155 pacientes, entre agosto de 2018 e abril de 2019, mostrou que 69% das mulheres que fizeram o teste foram poupadas da quimioterapia, considerada mais mais agressiva, e receberam uma terapia hormonal isolada. Com o tratamento menos invasivo, não sofreram os efeitos colaterais da quimioterapia, como perda de cabelo, náuseas e enjoos.
O médico Vilmar Marques, que é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia e conduziu os testes na Santa Casa de São Paulo, explica que o exame estabelece uma nota para a paciente, com base em uma pesquisa feita em 21 genes. “Em tumores mais iniciais a possibilidade de cura é muito maior, sem a agressividade de um tratamento quimioterápico”, explica.
Atualmente, o custo deste exame é de 15 mil reais, mas o médico pondera que o valor de uma quimioterapia é maior, tanto para os planos de saúde quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS). O valor pago pelo tratamento, que dura meses, pode chegar a até dez vezes o valor do exame, dependendo do estágio da doença. “É um custo-benefício interessante e uma qualidade de vida melhor para a paciente”, afirma Vilma Marques.
Em um estudo global, com 6.711 pacientes, os melhores resultados foram identificados na parcela de mulheres acima de 50 anos. Cerca de 85% delas tiveram o tratamento hormonal isolado indicado e dispensaram a quimioterapia.