Campanha popular pretende limitar propaganda de cerveja
A petição pública foi apresentada hoje (13) em audiência na sede do MP na capital paulista. As assinaturas também serão recolhidas pela internet
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2012 às 17h41.
São Paulo – Campanha do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) pretende reunir 1,7 milhão de assinaturas para propor, por meio de projeto de lei de iniciativa popular, limites às propagandas de cerveja. A petição pública foi apresentada hoje (13) em audiência na sede do MP na capital paulista. As assinaturas também serão recolhidas pela internet.
O documento propõe alterações na Lei 9.294/96, que só restringe publicidade de bebidas com teor alcoólico acima de 13 graus Gay-Lussac (ºGL), a exemplo do uísque e da cachaça. O limite passaria a 0,5 ºGL. De acordo com a Constituição, a apresentação de projeto de lei de iniciativa popular deve ser subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, entre outros requisitos.
Caso a proposta seja aprovada, assim como ocorre com bebidas de concentração alcoólica mais forte, não poderá haver propaganda de cervejas e vinhos nas emissoras de rádio e TV fora do horário das 21h às 6h. Além disso, não será possível associar esses produtos, por exemplo, ao esporte olímpico ou de competição, ao desempenho saudável de qualquer atividade e à condução de veículos.
“Não tem sentido a lei deixar de fora a cerveja que é a bebida mais consumida no país. Já está na hora de a sociedade se mobilizar para equiparar a cerveja a todas as bebidas que já sofrem restrição. Nossa proposta é uma ampla mobilização no país para sensibilizar o Congresso Nacional a modificar a lei”, explicou Jairo Edward de Luca, promotor de Justiça da Infância e Juventude de São Bernardo do Campo (SP).
De Luca, que encabeça a iniciativa, informou que várias entidades já aderiram à campanha, como Conselho Federal de Medicina, Conselho Federal de Farmácia, Fundação Criança de São Bernardo do Campo, Instituto Alana, Aliança de Controle ao Tabagismo, Pastoral da Sobriedade e Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. “Vamos fazer novas reuniões e batalhar por novos parceiros. A gente acredita que vai ter resistência no Congresso Nacional, mas com a mobilização devemos conseguir”, avaliou.
A proposta tem como objetivo desestimular o consumo do produto por crianças e adolescentes. De acordo com o professor Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 46% de toda a bebida vendida no país são consumidos por jovens de até 29 anos. Cerca de 6% desse total são consumidos por menores de 18 anos, segundo levantamento nacional domiciliar coordenado pelo pesquisador.
“O álcool é a droga mais utilizada pelos jovens, mais do que cocaína e maconha. É a droga de começo, é a que tem mais oferta, mais propaganda e mais facilidades”, avalia. Ele informou ainda que 90% dos adolescentes conseguem comprar bebidas alcoólicas sem problemas.
A professora Ilana Pinsky, também da Unifesp, aponta que a exposição à publicidade de álcool, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes, cria conceitos distorcidos sobre o uso da bebida. Ela cita como exemplos a construção de uma visão positiva do típico consumidor de álcool, a difusão de atitudes positivas relacionadas ao beber, a construção da ideia do beber como onipresente na sociedade e a ampliação da predisposição de menores a beber antes da idade legal, com o recrutamento de gerações de potenciais bebedores.
Usando dados de pesquisa nacional sobre consumo de álcool feita em 2012, a professora diz que 80% dos adolescentes com idade entre 14 e 17 anos foram expostos a publicidade de bebida nos últimos 30 dias. O percentual sobe para 86% na faixa etária de 18 a 25 anos. “A publicidade é indireta, sutil e cumulativa. São anos e anos em que crianças e adolescentes têm a propaganda como instrumento de informação sobre o álcool”, criticou.
O jurista Dalmo de Abreu Dallari, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), destacou que a proposição de leis de iniciativa popular são importantes não só pelo resultado que geram, mas também pelo processo de discussão e debate que desencadeiam. “São entidades que já desenvolvem algum trabalho nesse sentido, mas que vão intensificar sua atuação para conseguir o envolvimento da população em torno do tema”, apontou.
O professor destacou também que, caso seja aprovada, a proposta será a quinta lei criada por meio da iniciativa popular. “A primeira, em 1994, definiu como crime hediondo a chacina por esquadrão da morte. Em seguida, tivemos aprovada a cassação de mandato quando comprovada compra de votos. Tivemos ainda a criação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, em 2005. E a quarta foi a Lei da Ficha Limpa”, enumerou.
São Paulo – Campanha do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) pretende reunir 1,7 milhão de assinaturas para propor, por meio de projeto de lei de iniciativa popular, limites às propagandas de cerveja. A petição pública foi apresentada hoje (13) em audiência na sede do MP na capital paulista. As assinaturas também serão recolhidas pela internet.
O documento propõe alterações na Lei 9.294/96, que só restringe publicidade de bebidas com teor alcoólico acima de 13 graus Gay-Lussac (ºGL), a exemplo do uísque e da cachaça. O limite passaria a 0,5 ºGL. De acordo com a Constituição, a apresentação de projeto de lei de iniciativa popular deve ser subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, entre outros requisitos.
Caso a proposta seja aprovada, assim como ocorre com bebidas de concentração alcoólica mais forte, não poderá haver propaganda de cervejas e vinhos nas emissoras de rádio e TV fora do horário das 21h às 6h. Além disso, não será possível associar esses produtos, por exemplo, ao esporte olímpico ou de competição, ao desempenho saudável de qualquer atividade e à condução de veículos.
“Não tem sentido a lei deixar de fora a cerveja que é a bebida mais consumida no país. Já está na hora de a sociedade se mobilizar para equiparar a cerveja a todas as bebidas que já sofrem restrição. Nossa proposta é uma ampla mobilização no país para sensibilizar o Congresso Nacional a modificar a lei”, explicou Jairo Edward de Luca, promotor de Justiça da Infância e Juventude de São Bernardo do Campo (SP).
De Luca, que encabeça a iniciativa, informou que várias entidades já aderiram à campanha, como Conselho Federal de Medicina, Conselho Federal de Farmácia, Fundação Criança de São Bernardo do Campo, Instituto Alana, Aliança de Controle ao Tabagismo, Pastoral da Sobriedade e Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. “Vamos fazer novas reuniões e batalhar por novos parceiros. A gente acredita que vai ter resistência no Congresso Nacional, mas com a mobilização devemos conseguir”, avaliou.
A proposta tem como objetivo desestimular o consumo do produto por crianças e adolescentes. De acordo com o professor Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 46% de toda a bebida vendida no país são consumidos por jovens de até 29 anos. Cerca de 6% desse total são consumidos por menores de 18 anos, segundo levantamento nacional domiciliar coordenado pelo pesquisador.
“O álcool é a droga mais utilizada pelos jovens, mais do que cocaína e maconha. É a droga de começo, é a que tem mais oferta, mais propaganda e mais facilidades”, avalia. Ele informou ainda que 90% dos adolescentes conseguem comprar bebidas alcoólicas sem problemas.
A professora Ilana Pinsky, também da Unifesp, aponta que a exposição à publicidade de álcool, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes, cria conceitos distorcidos sobre o uso da bebida. Ela cita como exemplos a construção de uma visão positiva do típico consumidor de álcool, a difusão de atitudes positivas relacionadas ao beber, a construção da ideia do beber como onipresente na sociedade e a ampliação da predisposição de menores a beber antes da idade legal, com o recrutamento de gerações de potenciais bebedores.
Usando dados de pesquisa nacional sobre consumo de álcool feita em 2012, a professora diz que 80% dos adolescentes com idade entre 14 e 17 anos foram expostos a publicidade de bebida nos últimos 30 dias. O percentual sobe para 86% na faixa etária de 18 a 25 anos. “A publicidade é indireta, sutil e cumulativa. São anos e anos em que crianças e adolescentes têm a propaganda como instrumento de informação sobre o álcool”, criticou.
O jurista Dalmo de Abreu Dallari, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), destacou que a proposição de leis de iniciativa popular são importantes não só pelo resultado que geram, mas também pelo processo de discussão e debate que desencadeiam. “São entidades que já desenvolvem algum trabalho nesse sentido, mas que vão intensificar sua atuação para conseguir o envolvimento da população em torno do tema”, apontou.
O professor destacou também que, caso seja aprovada, a proposta será a quinta lei criada por meio da iniciativa popular. “A primeira, em 1994, definiu como crime hediondo a chacina por esquadrão da morte. Em seguida, tivemos aprovada a cassação de mandato quando comprovada compra de votos. Tivemos ainda a criação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, em 2005. E a quarta foi a Lei da Ficha Limpa”, enumerou.