Escola Municipal Tasso da Silveira: tragédia fez governo antecipar a campanha (Divulgação/Shana Reis/ Governo do Estado do Rio de Janeiro)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2011 às 15h50.
Rio de Janeiro – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lançou na manhã de hoje (6), no Rio de Janeiro, a Campanha Nacional do Desarmamento 2011. Com o slogan "Tire uma arma do futuro do Brasil", a ação tem como objetivo estimular a população a entregar suas armas, legais ou não, nos postos de coleta montados em todo o país, principalmente em delegacias, igrejas e sedes de organizações não governamentais.
De acordo com Cardozo, estudos apontam que, do total de homicídios registrados por ano no Brasil, 80% são cometidos com armas compradas legalmente. Além disso, o ministro destacou que, logo após realização de campanhas semelhantes em anos anteriores, foi observada uma queda de 18% no número de assassinatos no país.
“Muitas pessoas morrem porque armas compradas para autodefesa são encontradas em casa, por acidente, ou porque são roubadas. Estudos comprovam que, com menos armas de fogo, caem os números de homicídios no país”, ressaltou.
Cardozo acrescentou que a ação este ano terá novidades em relação às de anos anteriores. Desta vez, as armas entregues serão inutilizadas imediatamente para evitar que sejam desviadas. Além disso, a indenização, com valores que variam de R$ 100 a R$ 300, dependendo do modelo da arma, será paga em até 24 horas. A garantia de total anonimato dos voluntários também foi destacada.
Esta é a terceira campanha pró-desarmamento realizada pelo Ministério da Justiça. Nas duas anteriores – em 2003/2004 e 2008/2009 – foram recolhidas cerca de 500 mil armas.
O orçamento previsto para as recompensas pela entrega das armas é R$ 10 milhões, mas o ministro evitou falar em metas de arrecadação. A campanha será realizada até 31 de dezembro.
“Temos um orçamento, mas não uma meta. Se me faltasse dinheiro para pagar pela quantidade de armas eu gostaria. Neste caso, vou encontrar recursos dentro do ministério para comprar mais armas”, garantiu.
O ministro enfatizou, ainda, que essa não é a única política da pasta no enfrentamento da violência e da criminalidade no país. Segundo ele, o governo federal vai lançar em breve um plano de integração com as Formas Armadas para combater a entrada de armas ilegais pelas fronteiras do país, apontada por especialistas como o principal problema da violência associada especialmente ao nacrotráfico no país.
Cardozo também lembrou que foram instalados, neste mesmo esforço, comitês integrados de fiscalização das fronteiras, no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Além disso, o Rio Grande do Sul também deve receber uma unidade nos próximos dias.
O início da campanha foi antecipado em um mês em reação à tragédia de Realengo, quando, há um mês, um homem matou a tiros 12 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira.
Parentes das vítimas que estiveram na solenidade de lançamento da campanha aprovaram a iniciativa. Para o militar reformado Raimundo da Silva, pai de Ana Carolina, de 13 anos, que morreu no ataque, recolher armas em circulação na sociedade é fundamental para evitar novas tragédias.
“Eu sou militar reformado e não tenho arma em casa. Se a pessoa tiver juízo, vai guardá-la em casa sem munição para evitar acidentes. O problema é que, dessa forma, ela também não serve para mais nada, porque quando o bandido chegar, não vai ter tempo de pegar a arma e colocar a munição”, disse.