O Empresário envolvido com a exploração de jogos ilegais Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a rede de influência do contraventor (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2012 às 19h02.
Goiânia - Após 266 dias fora do seu núcleo familiar, o empresário Carlos Augusto Ramos de Almeida, o Carlinhos Cachoeira, foi recebido como um guerreiro na volta para casa, na madruga desta quarta-feira (21), em Goiânia. Ganhou afagos da mulher e o carinho dos filhos em sua casa. No lado de fora, a expectativa pela chegada de parentes e amigos da família Cachoeira contrastou com o silêncio dos vizinhos dele no condomínio de luxo onde mora em Goiânia.
Apesar da curiosidade, das câmeras e holofotes, Andressa, os filhos e Cachoeira não apareceram na porta da casa. "Hoje ele está de folga", disse por telefone o advogado Nabor Bulhões. "Hoje não vamos tratar de nenhum processo, só amanhã (quinta-feira)", avisou. Um parente de segundo grau, em Goiânia, disse para a reportagem que a família "paga um preço alto" pela inesperada má fama de Carlinhos Cachoeira: "Ele não é o culpado, foi preso no lugar de muitos grandes, os que estão por trás de tudo isso", afirmou o parente, após pedir sigilo de sua identidade. "Ele sofreu muito na prisão, estava preso quando a mãe dele morreu, e não vê os filhos desde fevereiro", diz.
O procurador federal Daniel Salgado, porém, quer Carlinhos Cachoeira condenado em dois processos, um em Goiânia e outro em Brasília. No primeiro caso, a condenação seria de 50 anos de prisão, no mínimo, a ser determinada pela 5ª Vara Criminal da Justiça Federal em Goiânia na Ação Penal 089/2011. Motivada pela Operação Monte Carlo, prendeu no dia 29 de fevereiro Carlinhos Cachoeira e mais 80 pessoas tidas como integrantes da Máfia dos caça-níqueis.
Segundo a PF, o grupo explorava, há mais de 10 anos, a jogatina em Goiás com apoio de policiais militares, civis e federais. E o juiz federal, Alderico Santos, poderá anunciar sua decisão antes do Natal. No segundo caso, Carlinhos Cachoeira foi condenado, na terça-feira (20), pela juiza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília (TJDF), a cinco anos de prisão, e foi solto.
Pelo conjunto de acusações que há contra Cachoeira, Daniel Salgado considerou a liberdade provisória concedida, um risco: "No entender do Ministério Publico Federal (MPF), há possibilidade grande de uma rearticulação do esquema criminoso a partir da soltura daquele que nós consideramos como mentor dessa organização criminosa", disse em conversa com jornalistas. Para o promotor, a Máfia da Jogatina tem braços longos e foram expandidos por meio de negócios da Delta Construções - que não pararam de agir após a prisão de Cachoeira.