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Bunker de Paulo Preto teria o dobro de dinheiro do de Geddel

Operadores afirmam que ex-presidente da Dersa colocava total de R$ 100 milhões para "tomar sol" e evitar bolor; ele foi preso nesta manhã pela PF

Paulo Preto: ele chegava a colocar notas para "tomar sol" para evitar bolor (Geraldo Magela/Agência Senado)

Paulo Preto: ele chegava a colocar notas para "tomar sol" para evitar bolor (Geraldo Magela/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 11h15.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 11h45.

A Polícia Federal (PF) cumpriu 12 mandados de busca e apreensão e um de prisão na 60ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Ad Infinitum. O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi preso em São Paulo.

A recente operação aprofunda a investigação "de um complexo esquema de lavagem de dinheiro de corrupção praticada pela Odebrecht, que envolveu os operadores Paulo Preto, Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis, que mantiveram relações pelo menos entre 2007 e 2017", segundo o MPF.

Em coletiva de imprensa, nesta terça-feira, o procurador da República Roberson Pozzobon disse que Paulo Preto usou um bunker para lavar mais de 100 milhões de reais. Ele chegava a colocar notas para "tomar sol" para evitar bolor.

"O bunker de Paulo Preto (sic) tinha o dobro do bunker do Geddel (Vieira Lima)", disse Pozzobon aos jornalistas, em Curitiba.

Mala do Geddel

Malas de dinheiro encontradas no apartamento de Geddel, ex-ministro do governo Temer, em 2017 (Polícia Federal/Divulgação)

Segundo o procurador, ao longo de quase cinco anos a Operação Lava Jato vem, fase após fase, montando quebra-cabeças de grandes esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro no país.

"A sexagésima operação Lava Jato investiga complexo esquema de lavagem da Odebrecht de mais de uma centena de milhões de reais, no Brasil e no exterior, por pelo menos cinco operadores financeiros, entre os quais Paulo Preto (Paulo Vieira de Souza). Parte das peças desse grande quebra-cabeça foram obtidas pelo MPF a partir de acordos de leniência e de colaboração premiada, cooperações internacionais com quatro países, análise e relacionamento de provas obtidas em buscas e apreensões de fases anteriores da Lava Jato e afastamentos de sigilos fiscal e bancário. Os mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos hoje visam a obter outras peças dessa gigantesca figura criminosa", afirmou

Operação

As investigações da Lava Jato indicaram a atuação do ex-diretor da Dersa como operador financeiro com importante papel num complexo conjunto de operações de lavagem de dinheiro em favor da empreiteira Odebrecht.

Os procuradores afirmam que Paulo Preto "disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie a Adir Assad no Brasil".

O operador, por sua vez, teria entregue os valores ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro Novis. O doleiro, de acordo com a Lava Jato, realizava pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobras.

A força-tarefa da Lava Jato aponta que, no mesmo período que se seguiu à entrega dos valores em espécie por Paulo Preto para a Odebrecht, propinas foram pagas pela empreiteira, em espécie, para gerentes e diretores da Petrobras: Djalma Rodrigues, Maurício Guedes, Roberto Gonçalves, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Sérgio Machado.

A investigação destaca que, em contraprestação à entrega de valores em espécie por Paulo Preto e Adir Assad ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht no Brasil, o departamento de propinas da empreiteira transferiu dezenas de milhões de dólares para as contas do doleiro Rodrigo Tacla Duran no exterior.

Segundo a Lava Jato, Tacla Duran, depois de descontar as suas comissões e as de Adir Assad, devidas pela lavagem do dinheiro, ficava incumbido de fazer chegar às contas de Paulo Preto os recursos a ele devidos.

A Operação Lava Jato também aponta que "existiram transações ilícitas entre os investigados em momento anterior, a partir de 2007".

De acordo com os investigadores, em 26 de novembro de 2007, por intermédio da offshore Klienfeld Services Ltd, a Odebrecht transferiu 275.776,04 de euros para a conta controlada por Paulo Preto, em nome da offshore Grupo Nantes, na Suíça.

Foram identificados ainda depósitos efetuados, no ano de 2008, por contas controladas pela Andrade Gutierrez e Camargo Correa, em favor da mesma conta controlada por Paulo Preto na Suíça, no valor global aproximado de US$ 1 milhão.

Relação com Aloysio Nunes

Na operação desta terça-feira, a PF cumpriu também mandados de busca e apreensão na casa do ex-ministro das Relações Exteriores, do governo Temer, Aloysio Nunes.

A ação foi orquestrada após os investigadores identificarem que, em dezembro de 2007, um mês depois da transferência na Suíça, a conta offshore solicitou a emissão de cartão de crédito, vinculado à sua conta, em favor de Aloysio Nunes Ferreira Filho.

O banco foi orientado a efetuar a entrega do cartão de crédito no Hotel Majestic Barcelona, na Espanha, para Aloysio Nunes Ferreira Filho, que estaria hospedado no hotel entre 24 de dezembro de 2007 e 29 de dezembro de 2007.

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