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Brasil tem 3,6 mil respiradores fora de operação

Balanço aponta a existência de 65.411 ventiladores mecânicos nos hospitais públicos e privados do País, dos quais 61.772 estão em uso

Coronavírus: estado de São Paulo, que reúne até agora o maior número de casos e mortes por covid-19 no país (NurPhoto/Getty Images)

Coronavírus: estado de São Paulo, que reúne até agora o maior número de casos e mortes por covid-19 no país (NurPhoto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de março de 2020 às 08h48.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 08h49.

Em meio ao surto do novo coronavírus e à corrida pela compra de mais respiradores para atender pacientes graves, o Brasil tem 3 6 mil desses aparelhos fora de operação por problemas como falta de manutenção. É o que mostra um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo na base de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), mantido pelo Ministério da Saúde no portal Datasus.

O balanço aponta a existência de 65.411 respiradores/ventiladores mecânicos nos hospitais públicos e privados do País, dos quais 61.772 estão em uso e o restante, parado. O número de aparatos que não podem ser utilizados equivale a 5,6% do total. Os respiradores são equipamentos considerados essenciais para o tratamento de pacientes que apresentam quadro grave da doença causada pelo coronavírus.

O estado de São Paulo, que reúne até agora o maior número de casos e mortes por covid-19 no país, é o que tem mais respiradores fora de uso: 770 (4,2%). No Rio de Janeiro, segundo Estado com mais contaminados pelo coronavírus, são 545 aparelhos parados, ou 7,2% do total.

Em números porcentuais, Roraima é a unidade da Federação com o maior índice de aparelhos fora de operação: 30,3% dos 152 respiradores do Estado estão sem condições de uso. "São equipamentos quebrados, em manutenção, mas que poderiam ser recuperados. Seria uma ótima estratégia reativar esses aparelhos nesse momento", comenta o médico intensivista Ederlon Rezende, do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).

Ele afirma que o preço de cada aparelho do tipo novo varia de R$ 50 mil a R$ 90 mil. De acordo com o especialista, embora a complexidade dos reparos dependa do tipo de pane e da disponibilidade de peças de reposição, o conserto não costuma ser demorado.

A recuperação dos produtos deixaria o País menos dependente da aquisição de novos respiradores em um momento que a demanda mundial cresce significativamente sem que a indústria dê conta de atendê-la. De acordo com Rezende, o conserto pode ser rápido e costuma ser mais barato.

Como mostrou o Estado nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde consultou os fabricantes dos equipamentos sobre a possibilidade de compra de 15 mil novos respiradores. A resposta do setor foi a de que a disponibilidade para entrega imediata é "praticamente nula".

Segundo entidade que reúne os fabricantes, as indústrias conseguiriam iniciar o fornecimento de novas unidades em cerca de 15 dias, quando o Brasil já estará na fase de pico da doença, segundo projeções de especialistas e do Ministério da Saúde.

Conserto

Diante do cenário, a General Motors anunciou ontem força-tarefa para consertar aparelhos que não estão em operação por algum tipo de problema. Participam do grupo representantes do Ministério da Economia, Senai, Associação Brasileira de Engenharia Clínica (Abeclin), outras montadoras, como a Mercedes-Benz, e fabricantes de autopeças.

A empresa já está preparando áreas específicas nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos (SP), Gravataí (RS), Joinville (SC) e seu centro de testes em Indaiatuba, também no interior de São Paulo, para realizar os consertos dos respiradores. Com ajuda do Senai, a General Motors também está treinando, online, pessoal técnico para a tarefa.

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