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Brasil importou 60% a mais do que exportou durante o governo Lula

Brasília – As exportações brasileiras vão fechar 2010 com resultado histórico, ao redor de US$ 200 bilhões, ultrapassando, inclusive, as vendas de 2008, quando foi registrado o recorde até então, de US$ 197,942 bilhões. Estima-se, portanto, uma expansão de 330% em relação aos US$ 60,362 bilhões exportados em 2002, de acordo com números do Ministério […]

Segundo AEB, Brasil poderia ter volume de negócios externos  maior, não fosse o excesso de burocracia e controles (Arquivo/Exame)

Segundo AEB, Brasil poderia ter volume de negócios externos maior, não fosse o excesso de burocracia e controles (Arquivo/Exame)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2010 às 16h46.

Brasília – As exportações brasileiras vão fechar 2010 com resultado histórico, ao redor de US$ 200 bilhões, ultrapassando, inclusive, as vendas de 2008, quando foi registrado o recorde até então, de US$ 197,942 bilhões. Estima-se, portanto, uma expansão de 330% em relação aos US$ 60,362 bilhões exportados em 2002, de acordo com números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

No mesmo período, as importações evoluíram ainda mais. Passaram de US$ 47,323 bilhões, no fim de 2002, para US$ 175,892 bilhões até o último dia 17, e as compras externas devem somar mais US$ 8 bilhões, aproximadamente, nos oito dias úteis que faltam contabilizar este ano, de acordo com a média diária do mês. O aumento das importações, nos oito anos de governo Lula, vai beirar, portanto, 390%.

“É inegável” que o Brasil obteve ganhos significativos no comércio internacional, segundo o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fábio Martins Faria. Ele ressaltou, contudo, que o volume de negócios externos poderia ser maior, ainda, não fosse o “excesso de burocracia e controles”, além de um “sistema tributário inadequado”, deficiências na infraestrutura e a desvalorização do dólar em relação ao real.

A esse respeito, o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral, admite que a questão cambial diminui a competitividade dos preços dos produtos brasileiros lá fora. Mas destaca que se o país tivesse melhor infraestrutura de estradas e portos, com logística mais adequada, “os efeitos da desvalorização do dólar norte-americano seriam menos sentidos”, e o Ministério da Fazenda não teria tido a necessidade de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) das aplicações externas.

O dirigente da AEB diz que a forte expansão da economia mundial nesta década, até a crise financeira mundial de setembro de 2008, ampliou a demanda por produtos brasileiros; em especial por commodities (produtos agrícolas e minerais com cotação internacional). O cenário anterior possibilitou, portanto, o aumento das exportações, embora “de forma menos saudável, pois a competitividade dos manufaturados nacionais vem perdendo força”.


Análise dos números do MDIC mostra que o comportamento da corrente de comércio do Brasil com os demais países teve momentos distintos. As exportações cresceram bem mais que as importações até 2006, quando a balança comercial registrou o saldo recorde de US$ 46,456 bilhões. A partir do ano seguinte, as compras externas cresceram mais e os saldos começaram a cair, a ponto de a AEB estimar para este ano um saldo em torno de US$ 17 bilhões.

Essa inversão na gangorra comercial começou a se fazer sentir mais fortemente em 2008, quando o saldo de então caiu para US$ 24,957 bilhões e o país voltou a registrar déficit nas transações correntes com o mundo, no valor de US$ 28,192 bilhões, equivalentes na época a 1,72% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas e serviços produzidos no país. Resultado negativo que se repetiu no ano passado, no valor de US$ 24,3 bilhões (1,55% do PIB).

O déficit em transações correntes deve dobrar este ano, podendo alcançar cerca de R$ 50 bilhões, conforme expectativa média de uma centena de economistas que o Banco Central consulta uma vez por semana e resulta no boletim Focus. De acordo com a perspectiva desses economistas, o déficit deve crescer para US$ 69 bilhões em 2011, embora o dirigente da AEB arrisque número menor, em torno de US$ 60 bilhões.

Crescimento que acontece, no entender de Fábio Martins Faria, porque nossas exportações de produtos manufaturados (com valor agregado) vêm perdendo competitividade, “devido a entraves e elevados custos internos”, bem como à “irracionalidade do sistema tributário”, além da deficiência de infraestrutura e da valorização do real.

A situação exige, segundo ele, que o país adote uma política permanente e ativa de comércio exterior, que maximize a capacitação competitiva das exportações, uma vez que “o comércio exterior é fator determinante para sustentação do desenvolvimento econômico e social do Brasil”.

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