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Bolsonaro tenta romper isolamento político

A estratégia de quebrar o isolamento político tem um objetivo de neutralizar o DEM, que ganhou protagonismo durante a crise

Presidente Jair Bolsonaro: Após líderes partidários serem recebidos no Palácio do Planalto durante essa semana, Bolsonaro tentará uma reaproximação com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM) (Andressa Anholete/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de abril de 2020 às 09h22.

Enquanto segue com o gesto de descumprir orientações para manter o distanciamento social, o presidente Jair Bolsonaro passou a agir também para romper o isolamento político agravado pelo embate com governadores e com seu próprio ministro da Saúde sobre medidas de enfrentamento ao novo coronavírus.

Após líderes partidários serem recebidos no Palácio do Planalto durante essa semana, Bolsonaro tentará uma reaproximação com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), durante uma visita, marcada para este sábado, 11, a um hospital de campanha no município goiano de Águas Lindas.

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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), com quem protagoniza uma guerra fria sobre a condução do enfrentamento à covid-19, também acompanhará a agenda.

Mandetta ganhou o cargo no governo Bolsonaro justamente com o apoio de Caiado. Então aliado, o governador de Goiás, que é médico, rompeu com o presidente no mês passado, após o chefe do Executivo minimizar o coronavírus, chamada por ele de "gripezinha", e incentivar a população retomar suas rotinas, contrariando medidas de isolamento adotadas pelos Estados.

Na sexta, Bolsonaro andou novamente por áreas comerciais e residenciais de Brasília, apesar de orientações das autoridades sanitárias de que a população mantenha o isolamento social para diminuir o ritmo de transmissão do coronavírus. Na rua, houve manifestações de apoio ao presidente, mas pessoas também bateram panelas em suas janelas e gritaram palavras de ordem contra Bolsonaro.

Já a estratégia de quebrar o isolamento político tem um objetivo de neutralizar o DEM, que ganhou protagonismo durante a crise e recuperar espaço no jogo político. Além de Caiado e Mandetta terem confrontado o presidente, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, também integrantes do DEM, criticaram medidas defendidas por Bolsonaro durante a crise.

No entorno do presidente, a avaliação é a de que o coronavírus se transformou num palanque político para o DEM. A popularidade do ministro Mandetta - que, segundo recentes pesquisas, supera a de Bolsonaro - ajudou a acender o alerta entre aliados políticos do presidente. O grupo ligado ao escritor Olavo de Carvalho passou a pregar também que existe um projeto de poder do DEM que é necessário sufocar.

Centrão

A iniciativa de receber líderes partidários do chamado Centrão no Planalto, articulada pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), marca também uma mudança de estratégia do governo. Desde o início da gestão Bolsonaro, o Executivo estabeleceu privilegiar a cúpula do Congresso nas negociações, ignorando as lideranças partidárias. A tática ia ao encontro do discurso de Bolsonaro que, desde a campanha, afirmou que não cederia à pressão do "Centrão" e ao chamado "toma lá, dá cá."

Agora, o Planalto quer driblar a barreira de Maia e Alcolumbre. Nesta semana, Bolsonaro recebeu o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o presidente do PRB, o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP). Também estiveram no gabinete presidencial o deputado Wellington Roberto (PB) e o senador Jorginho Mello (SC), líderes do PL.

Na quinta-feira, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e Vitor Hugo se reuniram com líderes do PP, MDB, PL, PSD, PROS, Cidadania, Patriota e Republicanos por videoconferência. O DEM não participou. Uma nova reunião está marcada para a manhã da próxima segunda-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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