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Bolsonaro sinaliza que será neutro em disputa no Congresso

Presidente eleito não vai apoiar a campanha de Rodrigo Maia para o comando da Câmara, mas dá sinais de que quer o DEM como parceiro preferencial no governo

Governo Bolsonaro: força da influência evangélica no governo a partir de 2019 (Adriano Machado/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 10h18.

Última atualização em 15 de novembro de 2018 às 10h40.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro , não vai apoiar a campanha do deputado Rodrigo Maia (RJ) para ser reconduzido ao comando da Câmara , mas dá sinais de que quer o DEM como parceiro preferencial no governo. Em café da manhã com Maia, ontem, Bolsonaro disse que o Palácio do Planalto ficará distante das negociações para a eleição na Câmara e no Senado, em fevereiro de 2019. Afirmou, no entanto, ter interesse em sintonizar o diálogo do governo com o Congresso e mostrou preocupação com a chamada "pauta-bomba" de votação.

Maia deixou o encontro e foi direto para outra reunião com Bolsonaro, desta vez com 17 governadores. Lá, a portas fechadas, o presidente eleito comentou que não consegue entender como o País chegou a tão grave situação fiscal e insistiu na necessidade de controlar os gastos. O comandante da Câmara assentiu.

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Em conversas reservadas, dirigentes do DEM avaliam que, se Bolsonaro cumprir a palavra e ficar neutro na disputa do Congresso, ajudará o projeto de reeleição de Maia. O problema é que muitos integrantes do PSL, partido de Bolsonaro, não confiam no presidente da Câmara - entre outros motivos, por considerá-lo próximo da esquerda - e querem oficializar apoio a outro concorrente.

"Existem outros candidatos também, muito bons, se lançando", afirmou Bolsonaro, ontem, em entrevista à TV Record. "Rodrigo tem seus interesses, eu tenho os meus. Nós não vamos interferir nas eleições para a Mesa (Diretora) como um todo. Vamos esperar a bancada. Afinal de contas, o presidente não pode se envolver diretamente nessa questão. Isso não é bom para o Brasil", completou.

A aflição de Maia nos últimos dias, porém, foi com o peso do DEM no governo Bolsonaro - fato que estaria atrapalhando sua campanha por um novo mandato. O presidente da Câmara não esconde o incômodo com críticas feitas por aliados sobre o tamanho do seu partido na administração.

Nos bastidores, até mesmo deputados do Centrão que haviam se comprometido a avalizar o projeto pela reeleição de Maia argumentam que o DEM já está bem contemplado no primeiro escalão e, nesse cenário, não precisa mais ocupar a chefia da Câmara. Uma ala desse bloco também ameaça se desgarrar de Maia e apoiar outro candidato se ele não pautar projetos que têm o poder de conceder anistia ao crime de caixa 2. Seria uma espécie de "proteção" a possíveis ações do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro. Até agora, no entanto, a pressão não surtiu efeito.

Atualmente, o DEM tem dois filiados nomeados para o governo Bolsonaro: Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil, e Tereza Cristina, que assumirá o Ministério da Agricultura. O deputado Luiz Henrique Mandetta (MS), também do partido, é cotado para a Saúde.

O presidente do DEM, ACM Neto, vai se reunir com Onyx na Quarta-feira (21), em Brasília, para acertar como será a relação do partido com o novo governo. O Estado apurou que a tendência da legenda é dar sustentação a Bolsonaro, desde que a equipe do PSL não atravesse o caminho de Maia na Câmara. "O apoio estará relacionado à agenda de projetos para o País, e não a cargos", disse ACM Neto, que é prefeito de Salvador.

Na órbita de Bolsonaro, porém, outros nomes se apresentam para a disputa: os deputados João Campos (PRB-GO), Capitão Augusto (PR-SP) e Alceu Moreira (MDB-RS). Corre por fora o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG). "A eleição para a presidência da Câmara não pode ser o terceiro turno do embate presidencial", resumiu o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Até agora, tudo indica que a oposição avalizará Maia.

No Senado, o confronto ainda não está bem delineado. O candidato mais citado para ocupar a presidência da Casa, no entanto, é Renan Calheiros (MDB-AL), que não agrada ao futuro governo por sua ligação com o PT.

"Essa coisa de assumir ministérios acabou. O MDB vai ajudar o Brasil, mas não precisa ficar pendurado em cargos", disse o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), que não foi reeleito. Ele negou que o MDB terá posição parecida com o PSDB, conhecido por ficar em cima do muro. "Não conhecemos muro nem para escorar nem para subir nele", provocou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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