Bolsonaro pede apoio do MDB e fala em aprofundar reforma trabalhista
Bolsonaro não chegou a mencionar de forma específica a reforma da previdência, considerada pelo mercado a medida prioritária do próximo governo
Agência Brasil
Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 19h12.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro , recebeu nesta terça-feira, 4, a bancada de parlamentares do MDB na Câmara do Deputados e pediu apoio para aprovar reformas no Congresso Nacional. A reunião ocorreu no Centro de Cultura Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de trasição, em Brasília.
Segundo relatos de parlamentares, Bolsonaro disse ser necessária a aprovação de reformas para tirar o país da situação crítica em que se encontra, mas garantiu que não exigirá sacrifícios da população.
Na reunião, que durou cerca de 50 minutos, o presidente eleito elogiou a reforma trabalhista aprovada em 2016 pelo governo de Michel Temer e ainda defendeu um aprofundamento da medida como forma de "desengessar" as relações de trabalho e destravar investimentos no país, sem entrar em detalhes sobre as alterações que ainda poderiam ser realizadas. Bolsonaro afirmou que Paulo Guedes , futuro ministro da Economia, não conseguirá sozinho aprovar as medidas necessárias para retomar o o crescimento da economia e a geração de empregos.
"Ele disse que espera o apoio do MDB no que for possível. Se não for da bancada, o apoio individual", contou o deputado Freire Júnior (MDB-TO). Apesar de falar em reformas, Bolsonaro não chegou a mencionar de forma específica a reforma da previdência, considerada pelo mercado a medida prioritária do próximo governo. O tema, no entanto, foi levantado na reunião pelo deputado Darcísio Perondi (MDB-RS).
Relação com parlamentares
De acordo com deputados que participaram do encontro, Bolsonaro reforçou o discurso de que terá uma reação "republicana e transparente" com o Congresso. Prometeu também que os parlamentares terão tratamento à altura do Poder Legislativo.
"Ele manteve o discurso de que, para construir um Brasil melhor, que cresça e gere empregos, precisa do Parlamento", disse o deputado Sergio Morais (MDB-PR).
Indicado como futuro ministro da Cidadania, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) defendeu a proposta de uma nova relação entre governo e Congresso, sem imposições por parte das lideranças partidárias. "Em política, não adianta ameaçar. Eu, muitas vezes, votei contra a orientação do partido, porque eu não acreditava no que estava sendo votado, e votei contra. A forma de fazer política tem que mudar um pouco. Acho que tem que respeitar o partido, no seu poder de pressão, mas é ganhando corações e mentes dos parlamentares que você fará com que eles votem mudanças importantes para o país", afirmou.
Ontem (3), o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já havia dito que o governo de Bolsonaro não vai exigir fechamento de questão das bancadas nas votações do Congresso.
Após a reunião, que contou com cerca de 50 deputados, entre os atuais e os eleitos e reeleitos em outubro, o líder da bancada, Baleia Rossi (MDB-SP), lembrou que o partido declarou-se independente em relação ao futuro governo, mas que terá responsabilidade com os assuntos importantes para o país. "O MDB vai discutir agenda. O MDB já se declarou independente, mas a bancada vai discutir ponto a ponto. O partido terá responsabilidade", garantiu.
Indicação de cargos
Sobre a indicação de partidos para ocupação de cargos no governo, Baleia Rossi disse que é natural que o presidente eleito cumpra sua promessa de campanha de não atrelar ocupação de ministérios a votos no Congresso. "Imagina se já na transição de governo ele descumprisse uma promessa de campanha"?", comentou.
Para outros emedebistas que participaram do encontro, no entanto, a sensação de alguns parlamentares é a de que se o futuro governo não buscar atender as demandas parlamentares, especialmente em suas bases nos estados, será difícil garantir o apoio em determinadas matérias.
Meio ambiente e indígenas
Na reunião com os emedebistas, Bolsonaro voltou a defender mudanças na política ambiental, com o fim do que ele chama "indústria da multa". Ele também falou em revisar os procedimentos de demarcação de terras indígenas e áreas quilombolas. "Foi o ponto mais enfático do discurso dele para a nossa bancada", afirmou Daniel Vilela (MDB-GO).