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Questionado sobre PF, Bolsonaro se exalta e manda jornalista calar a boca

Bolsonaro considerou que houve um superdimensionamento da troca realizada na Polícia Federal por parte da imprensa

Bolsonaro: "Auxílio emergencial manteve país longe de saques e violência" (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 5 de maio de 2020 às 09h44.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 11h03.

Dois dias depois de jornalistas serem agredidos em uma manifestação a seu favor, o presidente Jair Bolsonaro mandou repórteres calarem a boca, chamou a imprensa de "canalha" e insuflou seus apoiadores contra esses profissionais, ao mesmo tempo em que confirmou a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, mesmo negando que tivesse influenciado essa decisão.

Depois de tomar posse em uma cerimônia fechada, apenas 20 minutos após sua nomeação sair no Diário Oficial, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre Souza, teve como seu primeiro ato o convite para que o superintendente do órgão no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Oliveira, assumisse a diretoria-executiva da PF em Brasília.

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"Não tem nenhum parente meu investigado pela PF, nem eu nem meus filhos. O superintendente está indo ser o diretor-executivo. São 27 superintendentes e ele está indo ser o diretor-executivo. Se fosse desafeto meu e eu tivesse ingerência, não iria para lá. É o 02", reclamou Bolsonaro.

O cargo de diretor-executivo, como disse o presidente, representa o número dois na hierarquia da PF mas, ao contrário do que parece, não tem função operacional. A diretoria-executiva administra o órgão, não se envolve em investigações ou operações.

Ao pedir demissão do Ministério da Justiça, o ex-ministro Sergio Moro afirmou que o presidente pretendia influenciar politicamente na Polícia Federal. Citou, além do diretor-geral, dois cargos que Bolsonaro pretendia trocar: a superintendência do Rio de Janeiro e a de Pernambuco.

"CALA A BOCA"

Irritado pelas manchetes que apontavam sua influência na troca do superintendente, especialmente a do jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro chamou a imprensa de "canalha" e afirmou que a maioria só publicava "patifaria".

Quando os repórteres tentaram fazer perguntas, o presidente respondeu: "cala a boca".

"Cala a boca! Eu não te perguntei nada. Cala a boca!", gritou.

"Manchete canalha e vocês da mídia, grande parte tenham vergonha na cara, só publicam patifaria!", continuou.

Insuflados pelos ataques do presidente parte dos apoiadores de Bolsonaro, que ficam separados dos jornalistas por duas grades, aproveitou também para atacar a imprensa. "Mídia porca", "nojentos" e "lixo" eram gritados para os repórteres, mesmo depois de Bolsonaro deixar o local.

No domingo, durante manifestação a favor de Bolsonaro, jornalistas foram agredidos, empurrados e xingados por apoiadores do presidente. O fotógrafo Dida Sampaio, do jornal Estado de S. Paulo, foi derrubado de cima de uma escada e levou socos e chutes. Orlando Brito, fotógrafo do site Poder 360, levou um soco no rosto e teve os óculos quebrados.

Nesta terça, Bolsonaro afirmou que houve um "superdimensionamento" do caso porque o interesse da imprensa é "nós tirar daqui".

Ao conversar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o país está "chegando no limite".

"Chegou a um nível insustentável. O que está mantendo o Brasil longe de saques e violência são os 600 reais, mas daqui a dois meses acaba. Se a economia não voltar a funcionar até lá, teremos problemas seríssimos", disse Bolsonaro.

Segundo o Ministério da Saúde, existem 107.780 casos confirmados de Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, e 7.321 pessoas já morreram.

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